terça-feira, 10 de março de 2009

O Grito de Gaia



Do coração da Terra surge um grito silencioso. Sutil como um assobio. Um canto fino que atinge a todos os corações com uma força impressionante. Este é o grito de Gaya, nossa nave mãe Terra, chamando todos os seres humanos para despertarem sob as sombras da escuridão.
Não mais podemos continuar a ofender e destratar nossa mãe. Não há mais tempo a perder. Vivemos séculos, talvez milênios, descuidados, venerando ao pai, à patria, e a um velho sistema patriarcal. Sistema que se distanciou da harmonia profunda que a mãe natureza sustenta sobre nós, se desvencilhou dos ciclos naturais que devem ser respeitados como a nossa própria vida.
A Amazônia, hoje “pulmão do mundo”, sofre com esse desencontro entre o ‘desenvolvimento’ e a ‘sustentabilidade’. A busca de um equilíbrio tem despertado a atenção de estudiosos e cientístas. Mas, até agora, o que tem sido feito sobre isso?
Por enquanto, não muito. O que vemos é a expansão devastadora de um processo que, há séculos, vem destruindo a Amazônia. A expansão de empresas mineradoras e madeireiras que, ao chegarem em pequenas cidades, aliciam os moradores a mudarem o seu modo de vida e se empregarem na extração dos recursos naturais da floresta com a garantia de um futuro vistoso para si e sua família.
Porém, em poucos anos, esgotada a extração do minério (bauxita), ou da madeira, as empresas vão embora deixando rios poluídos (em geral com mercúrio, que causa doenças graves, como o cancêr por exemplo) florestas devastadas e uma população que perdeu, junto com as riquezas naturais, seu modo de vida tradicional, saudável e sustentável.
Isso está acontecendo, agora, na Amazônia, em lugares importantes como o Rio Tapajós e a cidade de Juruti, na margem do Rio Amazonas, onde a população local tenta resistir (impotentemente) à força das grandes empresas.
Há também muitos casos de barragens que estão sendo construídas por hidroelétricas que alagam grandes áreas da floresta, onde ocasionalmente habitam povos indígenas e populações ribeirinhas, que são obrigados a abandonar suas terras.
Sem ter aonde ir, muitos deles acabam migrando para a zona periférica de grandes cidades, onde não se adaptam perfeitamente (por terem um modo de vida diferente e conhecimentos que não são valorizados nas cidades) e acabam por inflar as regiões suburbanas que não possuem condições higiênicas e sociais para uma vida saudável.
Como se não bastassem esses processos que agora acomentem o Norte (e talvez o restante) do país, os agricultores que não perderam suas terras por enchentes ou desastres poluentes, tem optado por abandonar a agricultura e investir na pecuária como meio mais rentável de vida.
Assim, em regiões não adequadas, como às margens dos rios por exemplo, vemos as florestas nativas sumindo e dando lugar a pastagens. Isso, além de ajudar na extinção de animais originários da floresta, vem ajudando o açoreamento dos rios, que junto com as florestas, são fundamentais na conservação da biodiversidade e da temperatura agradável do nosso planeta.
Me parece que estamos no limiar, extremamente tênue, de uma era da humanidade. Se continuarmos assim, descuidados com relação a harmonia da natureza, em poucos anos mudanças drásticas irão acontecer no planeta e mudarão, definitivamente, a história da humanidade neste pequena planeta Terra.
Precisamos refletir nossas ações, e para além das palavras, transformar nossas atitudes em ações corretas. Precisamos ouvir o silencioso e profundo grito de Gaya. A Terra chama por seus filhos!

Um comentário:

Letícia Silvério disse...

Tô ansionsa pra ver o zine impresso. Vejo que a sua viagem foi muito bem aproveitada. Valeu cada segundo. =]
Parabéns e bom retorno. Bjs.