domingo, 29 de maio de 2011

Carta do cacique Mutua sobre Belo Monte

Carta do Cacique Mutua a todos os povos da Terra



O Sol me acordou dançando no meu rosto. Pela manhã, atravessou a palha da oca e brincou com meus olhos sonolentos. O irmão Vento, mensageiro do Grande Espírito, soprou meu nome, fazendo tremer as folhas das plantas lá fora.

Índios do Xingu.

Eu sou Mutua, cacique da aldeia dos Xavantes. Na nossa língua, Xingu quer dizer “água boa”, “água limpa”. É o nome do nosso rio sagrado.

Como guiso da serpente, o Vento anunciou perigo. Meu coração pesou como jaca madura, a garganta pediu saliva. Eu ouvi. O Grande Espírito da floresta estava bravo.

Xingu banha toda a floresta com a água da vida. Ele traz alegria e sorriso no rosto dos curumins da aldeia. Xingu traz alimento para nossa tribo.

Mas hoje nosso povo está triste. Xingu recebeu sentença de morte. Os caciques dos homens brancos vão matar nosso rio.

O lamento do Vento diz que logo vem uma tal de usina para nossa terra. O nome dela é Belo Monte. No vilarejo de Altamira, vão construir a barragem. Vão tirar um monte de terra, mais do que fizeram lá longe, no canal do Panamá.

Enquanto inundam a floresta de um lado, prendem a água de outro. Xingu vai correr mais devagar. A floresta vai secar em volta. Os animais vão morrer. Vai diminuir a desova dos peixes. E se sobrar vida, ficará triste como o índio.

Como uma grande serpente prateada, Xingu desliza pelo Pará e Mato Grosso, refrescando toda a floresta. Xingu vai longe… desembocar no Rio Amazonas e alimentar outros povos distantes.

Se o rio morre, a gente também morre, os animais, a floresta, a roça, o peixe… tudo morre. Aprendi isso com meu pai, o grande cacique Aritana, que me ensinou como fincar o peixe na água, usando a flecha, para servir nosso alimento.

Se Xingu morre, o curumim do futuro dormirá para sempre no passado, levando o canto da sabedoria do nosso povo para o fundo das águas de sangue.

Hoje pela manhã, o Vento me levou para a floresta. O Espírito do Vento é apressado, tem de correr mundo, soprar o saber da alma da Natureza nos ouvidos dos outros pajés. Mas o homem branco está surdo e há muito tempo não ouve mais o Vento.

Eu falei com a Floresta, com o Vento, com o Céu e com o Xingu. Entendo a língua da arara, da onça, do macaco, do tamanduá, da anta e do tatu. O Sol, a Lua e a Terra são sagrados para nós.

Quando um índio nasce, ele se torna parte da Mãe Natureza. Nossos antepassados, muitos que partiram pela mão do homem branco, são sagrados para o meu povo.

É verdade que, depois que homem branco chegou, o homem vermelho nunca mais foi o mesmo. Ele trouxe o espírito da doença, a gripe que matou nosso povo. E o espírito da ganância que roubou nossas árvores e matou nossos bichos. No passado, já fomos milhões. Hoje, somos somente cinco mil índios à beira do Xingu, não sei por quanto tempo.

Na roça, ainda conseguimos plantar a mandioca, que é nosso principal alimento, junto com o peixe. Com ela, a gente faz o beiju. Conta a história que Mandioca nasceu do corpo branco de uma linda indiazinha, enterrada numa oca, por causa das lágrimas de saudades dos seus pais caídas na terra que a guardava.

O Sol me acordou dançando no meu rosto. E o Vento trouxe o clamor do rio que está bravo. Sou corajoso guerreiro, não temo nada.

Caminharei sobre jacarés, enfrentarei o abraço de morte da jiboia e as garras terríveis da suçuarana. Por cima de todas as coisas pularei, se quiserem me segurar. Os espíritos têm sentimentos e não gostam de muito esperar.

Eu aprendi desde pequeno a falar com o Grande Espírito da floresta. Foi num dia de chuva, quando corria sozinho dentro da mata, e senti cócegas nos pés quando pisei as sementes de castanha do chão. O meu arco e flecha seguiam a caça, enquanto eu mesmo era caçado pelas sombras dos seres mágicos da floresta.

O espírito do Gavião Real agora aparece rodopiando com suas grandes asas no céu.

Com um grito agudo perguntou:

– Quem foi o primeiro a ferir o corpo de Xingu?

Meu coração apertado como a polpa do pequi não tem coragem de dizer que foi o representante do reino dos homens.

O espírito do Gavião Real diz que se a artéria do Xingu for rompida por causa da barragem, a ira do rio se espalhará por toda a terra como sangue – e seu cheiro será o da morte.

O Sol me acordou brincando no meu rosto. O dia se abriu e me perguntou da vida do rio. Se matarem o Xingu, todos veremos o alimento virar areia.

A ave de cabeça majestosa me atraiu para a reunião dos espíritos sagrados na floresta. Pisando as folhas velhas do chão com cuidado, pois a terra está grávida, segui a trilha do rio Xingu. Lembrei que, antes, a gente ia para a cidade e no caminho eu só via árvores.

Agora, o madeireiro e o fazendeiro espremeram o índio perto do rio com o cultivo de pastos para boi e plantações mergulhadas no veneno. A terra está estragada. Depois de matar a nossa floresta, nossos animais, sujar nossos rios e derrubar nossas árvores, querem matar Xingu.

O Sol me acordou brincando no meu rosto. E no caminho do rio passei pela Grande Árvore e uma seiva vermelha deslizava pelo seu nódulo.

– Quem arrancou a pele da nossa mãe? – gemeu a velha senhora num sentimento profundo de dor.

As palavras faltaram na minha boca. Não tinha como explicar o mal que trarão à terra.

– Leve a nossa voz para os quatro cantos do mundo – clamou – O Vento ligeiro soprará até as conchas dos ouvidos amigos – ventilou por último, usando a língua antiga, enquanto as folhas no alto se debatiam.

Nosso povo tentou gritar contra os negócios dos homens. Levamos nossa gente para falar com cacique dos brancos. Nossos caciques do Xingu viajaram preocupados e revoltados para Brasília. Eu estava lá, e vi tudo acontecer.

Os caciques caraíbas se escondem. Não querem olhar direto nos nossos olhos. Eles dizem que nos consultaram, mas ninguém foi ouvido.

O homem branco devia saber que nada cresce se não prestar reverência à vida e à natureza. Tudo que acontecer aqui vai voar com o Vento que não tem fronteiras. Recairá um dia em calor e sofrimento para outros povos distantes do mundo.

O tempo da verdade chegou e existe missão em cada estrela que brilha nas ondas do Rio Xingu. Pronta para desvendar seus mistérios, tanto no mundo dos homens como na natureza.

Eu sou o cacique Mutua e esta é minha palavra! Esta é minha dança! E este é o meu canto!

“Porta-voz da nossa tradição, vamos nos fortalecer. Casa de Rezas, vamos nos fortalecer. Bicho-Espírito, vamos nos fortalecer. Maracá, vamos nos fortalecer. Vento, vamos nos fortalecer. Terra, vamos nos fortalecer.”

Rio Xingu! Vamos nos fortalecer!

Leve minha mensagem nas suas ondas para todo o mundo: a terra é fonte de toda vida, mas precisa de todos nós para dar vida e fazer tudo crescer.

Quando você avistar um reflexo mais brilhante nas águas de um rio, lago ou mar, é a mensagem de lamento do Xingu clamando por viver.



Cacique Mutua

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Conheça as alterações do Código Florestal Brasileiro

 É claro que todos nós que nos preocupamos com a conservação da Natureza ficamos pasmos com a aprovação destas novas emendas ao código florestal. Emendas que põem em risco a sustentabilidade ecológica de uma das maiores reservas ambientais do mundo, o Brasil. Porém, cabe a nós continuar nesse caminho de difusão da agricultura ecológica, preservando as encostas, matas ciliares e a diversidade de espécies vegetais e animais que habitam este planeta. Pois, somente o povo, no exercício de seu livre arbítrio, pode tornar prática essa solução que já foi teoricamente orquestrada pelos órgãos competentes internacionais na forma de agendas 21, COP's e protocolos... mas que parece não fazer sentido ao ouvido dos nossos deputados governantes. Todos já conhecemos as consequências das ações que estamos perpetuando no meio ambiente do planeta, portanto, façamos a nossa parte!

Conheça as principais alterações no Código Florestal:


Reserva legal
Lei atual: determina que a manutenção de florestas e outras formas de vegetação nativa deve ser de 80% em propriedades em área de floresta na Amazônia Legal, 35% nas propriedades em área de cerrado na Amazônia Legal e 20% nas demais regiões. Se a área da reserva for menor que o previsto em lei, o proprietário deve promover a recomposição.
Texto votado: pequenos produtores rurais, cujas propriedades sejam de até quatro módulos fiscais (medida variável que vai até 400 hectares) não precisarão recompor as reservas legais.
Margem de rios
Lei atual: prevê proteção da vegetação até 30 m de distância das margens dos rios mais estreitos, com menos de 10 m de largura.
Texto votado: no caso de áreas já desmatadas, a recomposição deverá ser de 15 m de distância da margem. Permanece a exigência de 30 m para as áreas que se mantiveram preservadas.
Anistia
Lei atual: elenca uma série de contravenções passíveis de punição de três meses a um ano de prisão ou multa de 1 a 100 salários mínimos. O decreto 7.029/2009 prevê multa para quem não registrar a reserva legal até o próximo dia 11 de junho. Se as áreas desmatadas forem recuperadas até essa data, ficarão livres das multas.
Texto votado: o compromisso de regularização do imóvel suspende eventuais punições de detenção e/ou multa que tenham sido aplicadas ao proprietário. A efetiva regularização extingue a punibilidade. A adesão ao programa de regularização deverá ocorrer em um ano (prazo que pode ser prorrogado pelo governo) a partir da criação do cadastro de regularização ambiental (CAR). O cadastro deverá ser criado até três meses após a sanção do novo código.
Topos de morro
Lei atual: proíbe utilização do solo em topos de morros, montes, montanhas e serras, encostas com declive acima de 45°, restingas fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues, bordas de chapadas, áreas com mais de 1,8 mil m de altitude.
Texto votado: o texto admite a manutenção de atividades florestais, pastoreio extensivo, culturas lenhosas perenes, como café, maçã, uva, ou de ciclo longo, como a cana de açúcar, que não estavam previstas no texto apresentado pelo relator.
Áreas consolidadas
Lei atual: a classificação de área rural consolidada inexiste no código em vigor.
Texto votado: atividades em áreas rurais consolidadas - anteriores a 22 de julho de 2008 - localizadas em Área de Preservação Permanente poderão ser mantidas se o proprietário aderir ao Programa de Regularização Ambiental. A autorização será concedida em caso de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto.
Lista da votação das emendas na câmara.

domingo, 15 de maio de 2011

O que acontece quando você compra produtos orgânicos!

1)Sua comida é mais gostosa 
Esta é a simples razão pela qual muitos dos famosos chefs  procuram produtos orgânicos.

2) As substâncias químicas ficam fora de seu prato
 
"Produzido organicamente" significa produzido sem pesticidas, herbicidas ou fungicidas tóxicos ou fertilizantes artificiais que danificam o solo. Um relatório da Academia Americana de Ciências, de 1987, calculou em 1 milhão e 400 mil os novos casos de câncer provocados por pesticidas.


3)Você protege as futuras gerações
 
Um relatório recente do Environmental Group (Grupo de Trabalho Ambiental) diz: " Quando uma criança completa um ano de idade, já recebeu a dose máxima aceitável para uma vida inteira de oito pesticidas que provocam câncer". As crianças são as mais vulneráveis.


4)Você protege a qualidade da água 
Somos compostos por 2/3 de água.Pesticidas infiltram nos lençóis freáticos e córregos de água. A Agência de ProteçãoAmbinetal Americana calcula que os pesticidas, alguns deles causadores de câncer, já poluem metade da água potável dos EUA.


5)Você refaz bons solos 
Revertemos a perda anual de bilhões de toneladas de terra boa. Na América do Norte, agricultores orgânicos usam compostos e cobertura verde para tornar o solo vivo e saudável novamente. Isso traz de volta o sabor do alimento.


6) Você gasta menos, com melhor nutrição
 
Um estudo preliminar dos " Doctor's Data" (Dados Médicos) de Chicago indica que frutas e hortaliças orgânicas contém 2,5 vezes mais minerais que o alimento produzido artificialmente.


7)Você paga o verdadeiro custo da comida
 
O alimento orgânico é, na realidade, a forma mais barata de comida. Um alface convencional parece custar 50 centavos, mas não se esqueça os custos ambientais e médicos. O escritor Gary Null diz: " Se você somar o real custo ambiental e social de um pé de alface, ele pode vir a custar de 2 a 3 dólares."


8) Você ajuda o pequeno agricultor
 
O trabalhador rural precisa ser preservado, não o alimento. Comprar o produto orgânico ajuda a acabar com o envenenamento por pesticidas de cercade um milhão de agricultores por ano, no mundo inteiro, e ajuda a manter as perquenas propriedades.


9) Você ajuda a restaurar a biodiversidade
 
Fazendas orgânicas criam ecossistemas fortes equilibrados e culturas mistas, em vez de monoculturas, que são mais sensíveis a pragas. Apesar do uso de pesticidas ter aumentado, as perdas por causa de insetos estão cada vez maiores.


10) Você reduz o aquecimento global e economiza energia 
O solo tratado com substâncias químicas libera uma quantidade enorme de gás carbônico, gás metano e óxido nitroso, segundo Lovins, do Instituto das Montanhas Rochosas. A agricultura e administração florestal sustentáveis podem eliminar 25% do aquecimento global. Atualmente, mais energia é consumida para produzir fertilizantes artificiais do que para plantar e colher todas as safras.


fonte: planetaorganico

terça-feira, 3 de maio de 2011

Sustentabilidade



Um dos maiores desafios do século XXI é a conservação sustentável dos recursos naturais do planeta de modo a: "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a possibilidade das gerações futuras de suprir as suas."




O Caminho da Sustentabilidade.

Ainda em meados do século passado, muitas pessoas já percebiam o que poderia acontecer se precauções ambientais não fossem tomadas no mundo.
A poluição em ritmo elevado aumentaria ainda mais o acúmulo de resíduos tóxicos em bacias, lagos, aterros e rios tornando maior o desatre ambiental. A produção constante desses resíduos exercida por empresas que não levavam em conta a sua responsabilidade na degradação ambiental não poderia continuar impune. O surgimento recente dos agrotóxicos ameaçava a saúde da população global. A expansão do agronegócio acabando com florestas e a exploração de jazidas de ouro e petróleo devastando a força mineral da terra. A emissão de gases poluentes de maneira descontrolada. Todas as reservas naturais se exaurindo em um ritmo devastador.
Assim, em 1972 foi feita em Estocolmo a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento Sustentável.
Nessa conferência o governo de diversos países e outras entidades filantrópicas mostraram sua preocupação com o ecossistema planetário. Pela primeira vez o mundo debatia a importância de um plano de sustentabiidade para o século XXI.
Começava a se delinear a Agenda 21 Global.
Passados já quase 40 anos desde a primeira conferência, esse ano teremos a 18ª Conferência das Partes. E o que mudou desde a primeira Conferência em Estocolmo?
Alguns países se comprometeram a reduzir as emissões de CO2 e controlar o manuseio de outras substâncias perigosas. Mas, em muitos países, as metas estão longe de serem alcançadas dentro do prazo. E poucos movimentos estão sendo feitos para acelerar essas transformações propostas na Agenda 21 e no Protocolo de Kyoto.
A comunidade internacional ainda não acordou para o fato de que o clima está mesmo mudando. E a cada dia que passa, a velocidade das mudanças climáticas se torna mais impressionante.





Mas o que significa Sustentabilidade?

Sustentável é toda ação que tem como princípio a continuidade de seu ciclo natural. Que tem, em seu fim, a matéria para seu novo começo. Perpetuando assim a essência do que é. Transformando-se, sem de fato perder-se totalmente. Como a água que atravessa diversos estados físicos para reciclar a si mesma num movimento contínuo entre o céu, o mar e o fundo da terra.
A Sustentabilidade é um conceito que deve ser aplicado em todos os aspectos da vida humana. Desde a produção agroecológica de seu próprio alimento até a produção de suas fontes energéticas, da reciclagem de seu lixo sólido a compostagem dos resíduos orgânicos e o tratamento correto dos resíduos sanitários. Tudo deve estar integrado em um ciclo contínuo, para ser Sustentável.
Ser sustentável é manter relações integrais com o meio ambiente. Recebendo e devolvendo os elementos à natureza da maneira mais integra e pura que puder.
Em breve estaremos elaborando aqui um Guia para Sustentabilidade, ajudando o cidadão comum e o representante público a encontrar um caminho que nos leve de encontro a Sustentabilidade.


Porque podemos ter certeza: Nenhum de nós é melhor do que todos nós juntos!


segunda-feira, 2 de maio de 2011

Empresas processadas por não informarem presença de Transgênicos.

"O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça irá julgar, administrativamente, dez empresas que foram investigadas e descumpriram as regras de rotulagem de produtos que contêm Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) entre os ingredientes.

Os produtos irregulares são: biscoito recheado Tortinha de chocolate com cereja (Adria Alimentos do Brasil), farinha de milho Fubá Mimoso (Alimentos Zaeli), biscoito de morango Tortini (Bangley do Brasil Alimentos), bolinho Ana Maria Tradicional sabor chocolate (Bimbo do Brasil), mistura para bolo sabor côco Dona Benta (J. Macedo), biscoito recheado Trakinas (Kraft Foods), biscoito Bono de morango (Nestlé), barras de cereais Nutry (Nutrimental), mistura para panquecas Salgatta (Oetker) e Baconzitos Elma Chips (Pepsico do Brasil)."


empresas-sao-processadas-por-nao-informar-transgênicos