Findo o trânsito de Vênus, fica uma sensação estranha de que tudo acabou. Aquela mesma sensação vazia na manhã seguinte a uma grande festança. Quem sabe até uma certa ressaca astral. Finda uma era de paixões violentas e profundas transformações comportamentais.
Quem se lembra do caminho que trilhávamos 8 anos atrás, quando da primeira passagem de Vênus, em Novembro de 2004? Lembro que estava eu, naquele tempo, guiando meu navio em nova direção. Concretizando sonhos longínquos e desejos profundos de nossos antepassados. Antevendo o futuro que viria.
A economia verde hoje desponta como único caminho possível. Único destino viável para a Humanidade. E não há quem no Mundo possa discordar disso. Ao longo de décadas, ou talvez séculos, milhares de pessoas alardearam a catástrofe ambiental para a qual a sociedade caminhava. Os avisos foram se tornando mais freqüentes nos últimos tempos. Agora, se tornaram inevitáveis.
A Rio+20 começa com esta grande questão em mãos: Como construir uma sociedade sustentável, em tempo hábil, antes que as transformações climáticas e ambientais se tornem irrecuperáveis?
As respostas para estas perguntas não pertencem a poucos sábios especialistas. São domínio público e estão amplamente disseminadas. Têm nas mãos essas respostas também os governantes globais. E está nas mãos deles também as decisões mais importantes para mudar a situação em que nos encontramos.
Sim. Porque fechar a torneira enquanto lava o cabelo no chuveiro ou apagar a luz quando sair do quarto não são exatamente as mudanças fundamentais necessárias para a criação de uma sociedade sustentável. Licenciar o carro elétrico, movido a energia solar ou outras fontes de energia alternativa, sim. Transformar de maneira gradual as fontes de combustível fóssil por fontes renováveis e sustentáveis. Reduzir com isso a utilização de plástico, resido do petróleo. Trocar as sacolas plásticas por outras de material reutilizável ou reciclado.
Cobrar das empresas uma taxa ambiental de acordo com o material que utilizam em seus produtos.
Utilizar esse dinheiro para o investimento em programas de reflorestamento e reforma agrária agroecológica. Baratiar e incentivar o uso das placas solares tornando os sistemas mais independentes e sustentáveis. Estimulando a transformação pessoal. São infinitas as idéias que se podem criar com incentivos do governo. Podemos criar um outro mundo ecológico. Basta querer.
No entanto, as vontades políticas são motivadas por contratos obscuros no Brasil. Os políticos são aliados a empresas inconseqüentes em seus valores ecológicos e delas sobrevivem. Desvendar estes acordos obscuros é como desatar nós que impedem nossa transformação sustentável. Enquanto nação. Enquanto Humanidade.
Seu Maneco |
A luta da família de Seu Maneco pela permanência na Fazenda Martins de Sá, em Paraty parece ser o retrato atual do mundo em que vivemos. De um lado, uma família de Caiçaras que vive em perfeito equilíbrio com o ambiente há seis décadas e recebe milhares de visitantes todos os anos sem causar quase nenhum impacto ecológico. Uma amostra de liberdade, consciência e conhecimento ancestral vivendo em comunhão com os bichos, rios e florestas em meio a alguns lugares ainda intocados pelo homem.
Do outro lado, uma construtora que pretende construir no local um condomínio de luxo, elitizando e transformando o ambiente local. Restringindo a sua entrada. Praticamente apagando do mapa um lugar paradísiaco e histórico. Local aonde residia Cunhambebe, líder da Confederação dos Tamoyos e onde foi travado um dos maiores conflitos entre nativos e colonizadores do Brasil, nos idos anos de 1530. Tamoyos vem de Tamuya que em Guarany significa "o mais antigo".
Do outro lado, uma construtora que pretende construir no local um condomínio de luxo, elitizando e transformando o ambiente local. Restringindo a sua entrada. Praticamente apagando do mapa um lugar paradísiaco e histórico. Local aonde residia Cunhambebe, líder da Confederação dos Tamoyos e onde foi travado um dos maiores conflitos entre nativos e colonizadores do Brasil, nos idos anos de 1530. Tamoyos vem de Tamuya que em Guarany significa "o mais antigo".
Talvez precisemos formar uma nova Confederação de Tamoyos liderados (ou inspirados) pelos guerreiros Caiçaras. Para, tal qual eles, enfrentar aqueles que só querem explorar e dominar a Natureza ao seu prazer. O mundo não acabou, nem vai acabar. Gaia, nosso paraíso, irá sobreviver.
Vida longa a Martins de Sá!
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