terça-feira, 30 de outubro de 2012

Energia Renovável


Em nossa sociedade hoje utilizamos diferentes fontes energéticas para abastecer os nossos lares, as nossas ruas, empresas, meios de transporte e sistemas produtivos. Quanto maior for a produção, maior será a quantidade de energia empregada.
Metade dos habitantes do planeta ainda utilizam o carvão como principal fonte energética. O Brasil, depois da China, é o país que mais utiliza fontes renováveis entre as suas principais fontes de abastecimento.  Somos um exemplo de desenvolvimento aliado com sustentabilidade. Utilizamos fontes renováveis em praticamente 70% de nossa matriz energética.
No entanto diversas controvérsias tem surgido em torno da criação de usinas hidrelétricas no Brasil e Belo Monte está no centro de todas as discussões que tem sido travadas recentemente.
O projeto do Governo de criação de uma mega hidrelétrica no rio Xingú ameaça a existência de diversas espécies endêmicas da vida amazônica. A real necessidade desse projeto é discutida pela sociedade em exaustão.
Uns julgam Belo Monte como o mote de um projeto que visa transformar o Brasil, a exemplo da China, em uma potência industrial do novo milênio. Belo Monte é tida como a porta de entrada para projetos de exploração que podem resultar na degradação e devastação da Amazônia.
E o que a população brasileira estará ganhando realmente com isso?
A completa dominação econômica da Amazônia pelo capital estrangeiro. Um projeto de crescimento industrial acelerado que põem em risco as nossas maiores riquezas ambientais que são a biodiversidade das matas e povos que são banhados pelo rio Xingú ao longo de mais de mil quilômetros.
Por outro lado há quem julgue inevitável o crescimento econômico e o desenvolvimento tecnológico do país nas próximas décadas. O brasileiro, e o ser humano global como um todo, não está disposto a abrir mão dos confortos e luxos proporcionados pela modernidade. Muito pelo contrario, cada vez eles estarão mais difundidos e acessíveis.
Mesmo com riscos cada vez mais aparentes de que grandes catástrofes climáticas possam surgir, a sociedade não consegue frear seu ímpeto consumista e a tendência é que continuemos a ameaçar a nossa própria sobrevivência enquanto espécie pela possibilidade do luxo e do conforto de poder adquirir produtos tecnológicos por um preço mais barato.
Estudiosos defendem que seguindo a taxa de crescimento atual precisaremos produzir 90% a mais de energia em 2050. A criação de Belo Monte, nesse sentido, se torna fundamental para a manutenção da segurança energética do país num futuro não tão distante.
Alheio a toda essa discussão, o Governo vem tocando este projeto a reboque com ou sem o consentimento da sociedade civil. O processo de desenvolvimento industrial da nossa sociedade é mesmo inevitável. E quem achar que não que desligue agora o seu computador. Desligue também sua tv e seus aparelhos eletrônicos. Pois o barulho das maquinas de Belo Monte podem ser ouvidas nas luzes acesas, nas telas irradiantes dos nossos aparelhos, no vapor de nossos quentes e deliciosos banhos debaixo de milhares de chuveiros elétricos.
Não estamos livres do progresso e nem ele de nós.
Entre as matrizes energéticas as fontes hidrelétricas são vistas como ecológicas e sustentáveis, então porque não investir nelas?
Não é verdade que as usinas hidrelétricas sejam 100% verdes e que não agridam o meio ambiente. Nos primeiros 10 anos poluem tanto quanto uma usina termelétrica polui. Ainda assim, entretanto, uma usina hidrelétrica pode ser um desastre menor perto do que podem poluir usinas termelétricas ou o risco que pode apresentar uma usina nuclear.

Como podemos  solucionar essa questão de maneira ecológica então?

Atualmente, acompanhando os noticiários, uma coisa vem ficando muito clara: não dá para confiar na vulnerabilidade das redes de transmissão que sofrem com as questões climáticas e com acidentes inesperados. É necessário que no Brasil se invista mais em redes inteligentes, descentralizadas, com consumidores que tenham disponibilidade para abastecer e serem abastecidos pela rede. O Brasil não pode ficar refém das grandes centrais de energia elétrica do SIN (Sistema Integrado Nacional).
Não se trata apenas de uma questão energética, como também de uma questão de segurança e de logística. E, sobretudo, de uma questão sócioambiental. Tudo indica que esse seria o caminho mais coerente a ser feito mas ele esbarra num obstáculo que por enquanto tem se mostrado intransponível: o fator econômico.
Existem grandes interesses financeiros por detrás da construção de grandes usinas e da manutenção da centralidade do sistema energético. E por uma razão óbvia do mercado. Se um produto é escasso e só você o possui, você pode cobrar quanto quiser por ele. Ainda mais se ele for tão necessário para o funcionamento da sociedade. Então porque deixar este bem tão precioso ao alcance de qualquer um?
Com sistemas inteligentes independentes, cada estado, cidade, bairro, rua, casa, aparelho... poderia ter a sua própria fonte de abastecimento energético, seja ela solar, eólica, hidrelétrica, manual, etc. Ou uma soma de todos esses métodos que compõe o quadro que conhecemos como energia renovável.
Assim poderíamos recarregar nosso carro na tomada, nos livrar também dos combustíveis fósseis. Produzir nossa própria energia e tomar consciência de que não poderemos utilizar mais energia do que podemos produzir.
Ora, mas todos sabemos que a implantação dessas usinas agora na Amazônia nada tem a ver com o interesse ou a necessidade do povo. Tem como objetivo fornecer energia as novas empresas que estão chegando ao Brasil para nos transformar na principal potência do século XXI. Porém, se chegou a hora do Brasil ser o país do presente, podemos mostrar ao mundo como se faz um desenvolvimento tupiniquim, sustentável, preservando nossa cultura, nossas riquezas, nosso modus vivendi. Pois o ritmo de crescimento atual não poderá mais ser suportado por muito tempo. Precisaríamos de pelo menos mais dois planetas Terra para que este nível de produção e consumo continuásse se expandindo nesse ritmo.
Acredito que se houver investimento do governo para que se criem sistemas inteligentes e independentes, poderemos suprir o aumento da nossa demanda energética de acordo com o necessário. Como nossas redes são falhas, mais de 10% do que produzimos energéticamente se perde pelo caminho. São milhões desperdiçados. Sistemas inteligentes evitariam esse desperdício.
Existem muitas razões lógicas que contradizem a decisão de deixar a 'tomada' do Brasil nas mãos de alguns empresários e investidores. No entanto, a lógica do povo, a lógica da natureza, a própria lógica em si, enfim, nada tem a ver com a lógica predominante, a lógica do mercado.

Um comentário:

Unknown disse...


Empresas sérias e com tecnologias de ponta se preocupam com o crescimento das cidades e oferecem soluções para um desenvolvimento sustentável e fornecimento de energia renovável para megacidades.

http://www.siemens.com.br/desenvolvimento-sustentado-em-megacidades/smart-grid.html

Alessandra Ribeiro