segunda-feira, 21 de julho de 2008

A Rosa da Existência

A Rosa da Existência

_Ó bela rosa! _admirei eu sob o círculo de meus sentidos. Rebaixei um pouco meu corpo e me agasalhei entre as penas de minhas asas. Aproximando o meu bico mais um tanto pude sentir o sabor agradável e o odor da pureza e da umidez do orvalho. _Estou um pouco cansado de voar hoje. _confessei a ela _Voar é tão suave, é tão infinito. Ah... _suspirei _O vento dando força as suas asas, o céu sobre a sua cabeça, infinito, imenso, e o horizonte colorido sempre distante, sempre, como a promessa da eternidade reluzindo ali entre o céu e o mar. Ás vezes bem amarelado, outras tonado em rosa, tantas outras tão claro, límpido! Enquanto o vento escorre por meu corpo e de vez toda razão de meu espírito é levada para longe. Vibrando no cosmo eu somente sinto a liberdade... Mas, ó rosa! _disse eu mais uma vez fazendo gesto de fadiga.
Cai-me sobre o cansaço de meu corpo.
_Por vezes me lembro dos humanos. A terra é tão livre quanto o ar, os sentidos, as visões, são os mesmos. Porque os homens não se fazem livres como os pássaros? Porque vivem a competir, ao invés de dividir e compartilhar? Creio, rosa, que a eles falta metafísica como à temos nós. Não nos importamos pelas coisas por volume ou espécie, importa vermos de que cores as coisas são feitas, com que brilho ela nos invade. Se é suave cor de amor, se vazio liberdade... Nunca nos importamos com a fadiga. O cansaço é o descanso do prazer. _suspirei _Livre, livre infinito...
Olhei-a mais uma vez, pûs meus olhos em seu interior. Ó, como!? A rosa era tão bela, tão terra, tão universo. E, no entanto, não tinha nem uma gota de contradição em si. Era vida e era ato. A elegância de nascer e de morrer, de morrer... viver é toda a simplicidade de sua existência. E morrer... Existia para ela o mesmo destino ao qual não se pode fugir, o tempo andava de trás para frente, para ela e para todos nós, na contagem regressiva a qual não se pode fugir, e ainda assim, naturalmente, na primavera ela insistia em desabrochar. Em viver, com existência impressionante e inexplicável, estar sendo ela mesma a cada momento. Esgotando suas cores no universo, para vida, que não lhe duraria para sempre... Olhei inquieto para duas ou três direções rapidamente. O cansaço me passara, meu espírito vibrava para a vida novamente. E quanto aos humanos... a cor deles era tão bonita. E eles iludidos por poder, o poder meus caros, é o prazer que sobra e mal satisfaz... e por enquanto, deixe esses para lá. Alçei voô novamente.

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