sábado, 18 de abril de 2009

Quilombo de Agroecologia

Diversos grupos tem se interessado atualmente pelo estudo de Agroecologia. Se trata de um modelo diferente de ocupação humana, que tem se desenvolvido muito nas últimas décadas, transformador das relações insustentáveis hoje estabelecidas entre o homem e a natureza que o envolve. Seu intuito é modificar a base da cadeia produtiva humana através da mudança do olhar e das perspectivas que possuem as populações agricultoras.

Ao invés do grande modelo monocultor, aonde o sitiante estabelece o cultivo de apenas um único alimento ao longo de grandes áreas, nos moldes agroecológicos, são manejados diferentes tipos de alimentos numa mesma área. Tendo por objetivo não só a produção de alimentos mas também o enriquecimento do solo e a regeneração da floresta produtiva, o sistema agroflorestal (SAF como é conhecido) procura manter-se em sintonia com os ciclos naturais que influenciam definitivamente o comportamento do cio das plantas.
A implantação de SAF’s representa, cada vez mais, as aspirações humanas por um sistema que seja ecológicamente sustentável, economicamente viável e influencie o despertar da sociedade para a harmonia que é viver de uma maneira auto-sustentável e ecologicamente correta.
Ao fazer sua própria agrofloresta, na sua casa, você poderá ter uma gama diversa de alimentos, com a certeza da qualidade orgânica na sua alimentação, sem que tenha que gastar dinheiro para isso. Além disso você contribui para a qualificação ambiental da Terra, criando uma área de regeneração de floresta nativa ao mesmo tempo em que mantém uma roça produtiva. Mantendo uma relação saudável com a terra, você certamente estará trabalhando também sua própria saúde interna, no corpo, na mente e no espírito.
Essa é a realidade que pode ser verificada, na prática, no Quilombo Campinho da Independência, em Paraty.

Através de projeto realizado pelo IDACO (instituto de desenvolvimento e ação comunitária) com apoio do PDA (Ministério do Meio Ambiente), são beneficiados as cerca de 120 famílias moradoras do Campinho e remanescentes de Quilombolas. Na comunidade já foram implantados cerca de 20.000 metros de SAF’s, apenas nos últimos cinco anos, da onde se pode colher café, inhame, juçara, banana, urucum entre outras árvores florestais que complementam um plantio predominantemente ocupado por milhares de Palmitos de Pupunha.

O plantio monta uma ‘sincronicidade de luz’, onde as espécies, em seus diferentes tamanhos e ciclos biológicos, podem se beneficiar mutuamente fortalecendo a biomassa concentrada na região. Manejo é a palavra chave da agroecologia. O plantio, realizado uma única vez, pode dar colheitas de elementos diversos, em diferentes épocas, durante muitos e muitos anos.

A criação e manutenção de um viveiro, no entanto, se torna fundamental para que se complete o ciclo: colheita, reprodução, novo plantio. Isso garante a continuidade e eterna sustentabilidade do sistema em seu carácter ambiental, produtivo e economico; dando aos moradores do Campinho da Independência a certeza de que deixarão para os seus filhos e netos um mundo muito mais puro, bonito e generoso.


Em breve, mais uma edição da Revista ECOS, Ecologia Sustentável, estará disponível em formato audiovisual (ebook) no link SementesCaboclas, na coluna ao lado. Não perca!

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