terça-feira, 19 de agosto de 2008
Mini-Mutirão na Casa de Sementes Livres de Aldeia Velha!
Esse final de semana ocorreu em Aldeia Velha um pequeno mutirão para caiar (pintar com cal) a Casa das Sementes Livres. Algumas pessoas, voluntariamente, viajaram até a cidade se hospedando na comunidade Lioneidas, local onde ocorrem os maravilhosos rangos coletivos e as costumeiras batucadas xamânicas, com o objetivo de ajudar em mais este passo dado pela Escola da Mata Atlântica (EMA). Apesar do pequeno número de pessoas envolvidas, o mutirão foi um sucesso. A primeira mão de cal foi aplicada nas paredes de fora da casa. Os próximos passos da EMA são: a plantação do canteiro de medicinais na horta da Escola Municipalizada, o término da segunda mão de cal por fora e a construção de um viveiro, atrás da Casa, com mudas nativas da Mata Atlântica.
Para conhecer outros projetos e atividades da EMA, acesse o sitio da Escola clicando no link ao lado, e participe e colabore para a construção de um mundo ecologicamente sustentável.
Seja bem vindo!!!
A Terra chama por seus filhos...
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Bug do Milênio
Agora é sério, o sistema quebrou. Não há mais combustível, gás ou pressão que faça a máquina andar novamente. É o bug do milênio!! E agora??! O que nos resta??!?
O Retorno a Cultura Arcaica. Voltaremos a andar com os pés na terra novamente. A observar as fases da Lua. A obdecer a força do Sol, a comer com os olhos na terra, a olhar para os filhos do chão.
Sem economia, teremos a Solidariedade. Sem dinheiro, teremos uma nação de homens e mulheres transformados pela natureza de seus atos, pela rusticidade de suas relações. O homem retornará ao campo, as cidades não poderão mais ser habitadas. Serão utilizadas apenas nas festividades, como os Carnavais, ou à passeio, como atração turística, e quem sabe até como ponto de encontro de futuras manifestações…
Mas só o que, por si só, tem vida, sobreviverá. Somente aquele que cuidar do peixe, irá comer do pão. Aquele que preservar a árvore, irá comer o fruto. Onde tem água, a vida humana poderá dela se banhar. Na grota funda, do âmago da terra, o sumo gelado beber. Cristal Líquido.
Mas como, se os rios estão acabando? Como, se as florestas cada vez mais estão desaparecendo? Em breve, nesse ritmo em que estamos, nosso Oceano se tornará um mar de plástico. Muitas espécies animais desaparecerão da terra, que se tornará um deserto de pastagens, e se tornará incrívelmente quente a vida nesse planeta com uma camada de metano bem grossa na atmosfera, escondendo o Sol e acirrando o efeito microwave.
Ah… ainda bem que a notícia do bug do milênio é falsa. Ainda posso pegar meu telefone, pedir uma pizza. Ver o correio eletrônico, mandar torpedos do meu celular, ouvir uma música no mp3 player, ou no my space do meu amigo. Posso trabalhar sem ver chão de terra. Passar a vida toda sem brotar um trigo!
Enquanto meu computador não parar, vou fingir que ‘essa coisa toda’ nem é comigo.
O Retorno a Cultura Arcaica. Voltaremos a andar com os pés na terra novamente. A observar as fases da Lua. A obdecer a força do Sol, a comer com os olhos na terra, a olhar para os filhos do chão.
Sem economia, teremos a Solidariedade. Sem dinheiro, teremos uma nação de homens e mulheres transformados pela natureza de seus atos, pela rusticidade de suas relações. O homem retornará ao campo, as cidades não poderão mais ser habitadas. Serão utilizadas apenas nas festividades, como os Carnavais, ou à passeio, como atração turística, e quem sabe até como ponto de encontro de futuras manifestações…
Mas só o que, por si só, tem vida, sobreviverá. Somente aquele que cuidar do peixe, irá comer do pão. Aquele que preservar a árvore, irá comer o fruto. Onde tem água, a vida humana poderá dela se banhar. Na grota funda, do âmago da terra, o sumo gelado beber. Cristal Líquido.
Mas como, se os rios estão acabando? Como, se as florestas cada vez mais estão desaparecendo? Em breve, nesse ritmo em que estamos, nosso Oceano se tornará um mar de plástico. Muitas espécies animais desaparecerão da terra, que se tornará um deserto de pastagens, e se tornará incrívelmente quente a vida nesse planeta com uma camada de metano bem grossa na atmosfera, escondendo o Sol e acirrando o efeito microwave.
Ah… ainda bem que a notícia do bug do milênio é falsa. Ainda posso pegar meu telefone, pedir uma pizza. Ver o correio eletrônico, mandar torpedos do meu celular, ouvir uma música no mp3 player, ou no my space do meu amigo. Posso trabalhar sem ver chão de terra. Passar a vida toda sem brotar um trigo!
Enquanto meu computador não parar, vou fingir que ‘essa coisa toda’ nem é comigo.
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Tormenta Elétrica Azul - Lua Magnética
No dia 26/07 começamos um novo ano no Calendário da Paz, o ano da Tormenta Elétrica Azul. Esse é um momento para potencializarmos nossas ações no sentido da Reconstrução do jardim Terra. A Tormenta traz energia para que catalisemos nossos processos através da força que encontramos em nós mesmos e na nossa União.
Espero que esse ano consigamos despertar no mundo a Verdade sobre a União, sobre o Respeito a Natureza, sobre a Paz. Para que encontremos Harmonia entre os seres, para que pequenos abraços acabem com grandes abismos sociais. Para que tomemos atitudes que sejam benéficas ao Destino de toda a Humanidade.
Espero que a força da Natureza, que vive assombrada e escondida entre as matas, renasça no coração das cidades, mostrando aos homens que o desespero e o caos são resultados das escolhas de nossos ancestrais. Que hoje podemos construir um mundo diferente. Um mundo de Amor!
Basta que acordemos para um novo tempo!! Que celebremos a vida com os olhos abertos e tenhamos as percepções do mundo tal como ele é!!! Assim poderemos construir Lioneidas, uma terra de Liberdade, União, Intemporalidade, Natureza e Verdadeira Amizade!!!!
A Terra chama por seus Filhos!
Pela Cura do Planeta!!
Ohm Nama Shivaya
Espero que esse ano consigamos despertar no mundo a Verdade sobre a União, sobre o Respeito a Natureza, sobre a Paz. Para que encontremos Harmonia entre os seres, para que pequenos abraços acabem com grandes abismos sociais. Para que tomemos atitudes que sejam benéficas ao Destino de toda a Humanidade.
Espero que a força da Natureza, que vive assombrada e escondida entre as matas, renasça no coração das cidades, mostrando aos homens que o desespero e o caos são resultados das escolhas de nossos ancestrais. Que hoje podemos construir um mundo diferente. Um mundo de Amor!
Basta que acordemos para um novo tempo!! Que celebremos a vida com os olhos abertos e tenhamos as percepções do mundo tal como ele é!!! Assim poderemos construir Lioneidas, uma terra de Liberdade, União, Intemporalidade, Natureza e Verdadeira Amizade!!!!
A Terra chama por seus Filhos!
Pela Cura do Planeta!!
Ohm Nama Shivaya
Literatura Lisérgica
Aqui estão quatro contos que se parecem muito entre si em sua estrutura lúdica. Ambos nos remetem ao ambiente do sonho e da fantasia, permeiam um mundo criado pelas alucinações de nossa própria mente. Foram escritos no ano de 2003, como últimos remanescentes da série de Contos Lisérgicos e pertencem a um mundo infinito e reluzente que brilha e existe dentro de nós. Boa Viagem!!
Ei, Soldado...
O Soldado se liberta de seu fardo sujo, sua roupa gasta, sem brilho e sem cor, e ao mesmo tempo se liberta da marcha silenciosa e uniformizada. Ele corre contra todos os sentidos, corre, corre sem fim, desesperadamente, como se de repente tivesse sido fulminado por um fogo sem luz. Ele corre intensamente por minutos, contrário a direção de todos os pacientes soldados, corre contra eles até perceber que a marcha é infinita, que o fardo é bem mais resistente e que aquela malha vedada força contra o seu peito e dificulta sua tentação de respirar.
O Soldado então sente tontura, uma certa falta de ar e cai no chão agonizante, sem entender porquê aquele exército e porquê aqueles soldados a sua volta lhe olham com tanta estranheza e paciência.
A marcha é eterna e infinita, restrita ao tédio e ao sacrifício. Mas o Soldado não entende porquê. O Soldado não sabe quem determinou que naqueles campos floridos sob a brilhante luz do Sol toda sua vida seria aquela marcha e aquele fardo que o prendem em uma única direção.
Ele, agonizante e ajoelhado, levanta o seu rosto e olha a sua volta tentando ver o rosto de outros soldados.
Eles tem o mesmo rosto, a mesma expressão, o mesmo hipnótico sorriso.
O Soldado grita sem respiração e desesperado:
_Quem ordena este exército? Quem ordena este exército? _diz numa voz bufante e fanhosa.
Alguns soldados olham-no estranhos e dizem algumas palavras enquanto suas cabeças inclinam levemente. Os seus lábios movem, o Soldado tem certeza, mas o ar continua surdo e o vento sopra quieto, eternizando a surdez das vozes.
O ar falta-lhe mais uma vez, e dessa vez é quase fatal. O Sol se transforma em um azul escuro, e a cor transforma todas as flores do campo.
O que é aquilo? O que é isso tudo? Pensa o Soldado olhando a sua volta para um mundo insanamente selvagem.
Mas ao mesmo tempo que as cores se alteram, altera-se também a marcha e a expressão de todos os outros soldados. Os soldados não tem mais o seu sorriso hipnótico, tem agora na face a pálida expressão das caveiras. E ao mesmo momento que tudo se torna amedrontador nasce uma esperança no Soldado que começa a sentir o início de uma ventania e algumas vozes distantes que estão o chamando. O Soldado começa a se sentir louco, e então um pouco melhor.
_Soldado, venha conosco! _gritam alguns outros Soldados que passam correndo, estes cada um com o seu rosto_ Venha, temos de correr! Os generais estão atrás de nós!
Num alívio de um pensamento imediato o Soldado se levanta e começa a correr junto com os outros homens fardados em meio as caveiras e a luz escura do Sol que transfigura este estranho ambiente selvagem.
_Os generais?! _exclama o Soldado na corrida escura ao infinito. _Quem são?
_São os donos deste exército. _diz-lhe uma mulher loira com um rosto amigável. _São os comandantes dos caveiras desde muito tempo, seus pais eram donos do exército, e os pais de seus pais, e os pais...
_Oh! _espantou-se o Soldado enquanto a tempestade aumentava e a mulher lhe parecia mais distante. _Mas porque isso?
Todos os homens com faces continuavam a correr por entre as centenas de caveiras. Centenas, milhares que iam até o infinito...
_Eu não sei! _respondeu a loira mulher _Ninguém conseguiu entender isso até hoje. Parece que é uma fome de poder estranha, uma necessidade de dominar mais e mais, e mais e mais, na falta de alguma coisa... essencial.
O Soldado balançou a cabeça num sinal afirmativo enquanto expirava intensamente.
_Essencial... _repetiu ele, e mais uma vez a ventania tornou a aumentar.
_Parece que a natureza está a nosso favor! _brandiu uma voz grossa de um homem que estava às costas dos dois. Era um homem espirituoso e de cabelos castanhos.
O Soldado continuou a balançar o seu pescoço.
_Mas porque todas essas pessoas são caveiras? _perguntou com a dor entorpecente da infâmia pesando em sua cabeça.
_Ora... _ponderou a mulher loira.
_É difícil, é doloroso. _ completou o outro Soldado, espirituoso.
_Não é todo mundo que consegue despertar dentro de si a questão. Que aceita trocar o que existe pelo que é vazio. _recitou a mulher _Muitas pessoas não tem a sensibilidade da natureza. Elas ficam presas aos movimentos que enxergam a sua volta, ficam atadas a sobrevivência. Pois todos sabem que quem contraria a marcha vai ser pego pelo poder do general, alguns contrariam mas no primeiro sufoco desistem. Você até que tem reagido bem...
O Soldado sorriu um tanto cansado. Ele, no entanto, estava pegando o ritmo da corrida. Só não sabia aonde se daria aquele infinito, qual era o destino dos fugitivos Soldados com rosto.
_Penso que por algum tempo_ disse o homem de cabelos castanhos _teremos que continuar a correr.
_Vocês estão correndo a muito tempo? _perguntou o Soldado, noviço naquele transfigurado mundo, tenebroso e preternatural.
_Sim, _respondeu a mulher _mas nem sempre estamos a correr contra a corrente.
_Ás vezes paramos e ficamos a divertir e confundir os generais sobre a vida, que nos assistem sentados em seus tronos no alto de suas muralhas. _acrescentou o outro Soldado _Felizmente podemos fugir a arte.
O Soldado sorriu um grande sorriso, ele enquanto marchava já tinha ouvido falar sobre a arte. Tinha conhecido a arte e sorrido maquinalmente na artificialidade de seu agora antigo mundo.
_Mas agora eu acredito que teremos que continuar correndo por um tempo. _gritou a mulher na ventania _Acho que temos que juntar o maior número de Soldados possível, para que a natureza nos ajude em tempo. Antes que os generais consigam de vez destruir a natureza.
O Soldado ficou feliz, não pela vida mas pela esperança. Como seria bonita uma vida com a natureza! Uma vida sem caveiras, um mundo de homens com rosto que sentissem a ventania e a realidade. Que sentissem, assim como agora ele sentia, a essência brilhando multicolorida no centro de seu corpo, de sua mente, de seu espírito. Ainda bem, ele tinha que continuar a correr enquanto era tempo, tinha que chamar outras pessoas, tinha que contar sobre o universo da natureza.
_Ei, olha ali! _disse a mulher loira _Ei, Soldado...
O Soldado então sente tontura, uma certa falta de ar e cai no chão agonizante, sem entender porquê aquele exército e porquê aqueles soldados a sua volta lhe olham com tanta estranheza e paciência.
A marcha é eterna e infinita, restrita ao tédio e ao sacrifício. Mas o Soldado não entende porquê. O Soldado não sabe quem determinou que naqueles campos floridos sob a brilhante luz do Sol toda sua vida seria aquela marcha e aquele fardo que o prendem em uma única direção.
Ele, agonizante e ajoelhado, levanta o seu rosto e olha a sua volta tentando ver o rosto de outros soldados.
Eles tem o mesmo rosto, a mesma expressão, o mesmo hipnótico sorriso.
O Soldado grita sem respiração e desesperado:
_Quem ordena este exército? Quem ordena este exército? _diz numa voz bufante e fanhosa.
Alguns soldados olham-no estranhos e dizem algumas palavras enquanto suas cabeças inclinam levemente. Os seus lábios movem, o Soldado tem certeza, mas o ar continua surdo e o vento sopra quieto, eternizando a surdez das vozes.
O ar falta-lhe mais uma vez, e dessa vez é quase fatal. O Sol se transforma em um azul escuro, e a cor transforma todas as flores do campo.
O que é aquilo? O que é isso tudo? Pensa o Soldado olhando a sua volta para um mundo insanamente selvagem.
Mas ao mesmo tempo que as cores se alteram, altera-se também a marcha e a expressão de todos os outros soldados. Os soldados não tem mais o seu sorriso hipnótico, tem agora na face a pálida expressão das caveiras. E ao mesmo momento que tudo se torna amedrontador nasce uma esperança no Soldado que começa a sentir o início de uma ventania e algumas vozes distantes que estão o chamando. O Soldado começa a se sentir louco, e então um pouco melhor.
_Soldado, venha conosco! _gritam alguns outros Soldados que passam correndo, estes cada um com o seu rosto_ Venha, temos de correr! Os generais estão atrás de nós!
Num alívio de um pensamento imediato o Soldado se levanta e começa a correr junto com os outros homens fardados em meio as caveiras e a luz escura do Sol que transfigura este estranho ambiente selvagem.
_Os generais?! _exclama o Soldado na corrida escura ao infinito. _Quem são?
_São os donos deste exército. _diz-lhe uma mulher loira com um rosto amigável. _São os comandantes dos caveiras desde muito tempo, seus pais eram donos do exército, e os pais de seus pais, e os pais...
_Oh! _espantou-se o Soldado enquanto a tempestade aumentava e a mulher lhe parecia mais distante. _Mas porque isso?
Todos os homens com faces continuavam a correr por entre as centenas de caveiras. Centenas, milhares que iam até o infinito...
_Eu não sei! _respondeu a loira mulher _Ninguém conseguiu entender isso até hoje. Parece que é uma fome de poder estranha, uma necessidade de dominar mais e mais, e mais e mais, na falta de alguma coisa... essencial.
O Soldado balançou a cabeça num sinal afirmativo enquanto expirava intensamente.
_Essencial... _repetiu ele, e mais uma vez a ventania tornou a aumentar.
_Parece que a natureza está a nosso favor! _brandiu uma voz grossa de um homem que estava às costas dos dois. Era um homem espirituoso e de cabelos castanhos.
O Soldado continuou a balançar o seu pescoço.
_Mas porque todas essas pessoas são caveiras? _perguntou com a dor entorpecente da infâmia pesando em sua cabeça.
_Ora... _ponderou a mulher loira.
_É difícil, é doloroso. _ completou o outro Soldado, espirituoso.
_Não é todo mundo que consegue despertar dentro de si a questão. Que aceita trocar o que existe pelo que é vazio. _recitou a mulher _Muitas pessoas não tem a sensibilidade da natureza. Elas ficam presas aos movimentos que enxergam a sua volta, ficam atadas a sobrevivência. Pois todos sabem que quem contraria a marcha vai ser pego pelo poder do general, alguns contrariam mas no primeiro sufoco desistem. Você até que tem reagido bem...
O Soldado sorriu um tanto cansado. Ele, no entanto, estava pegando o ritmo da corrida. Só não sabia aonde se daria aquele infinito, qual era o destino dos fugitivos Soldados com rosto.
_Penso que por algum tempo_ disse o homem de cabelos castanhos _teremos que continuar a correr.
_Vocês estão correndo a muito tempo? _perguntou o Soldado, noviço naquele transfigurado mundo, tenebroso e preternatural.
_Sim, _respondeu a mulher _mas nem sempre estamos a correr contra a corrente.
_Ás vezes paramos e ficamos a divertir e confundir os generais sobre a vida, que nos assistem sentados em seus tronos no alto de suas muralhas. _acrescentou o outro Soldado _Felizmente podemos fugir a arte.
O Soldado sorriu um grande sorriso, ele enquanto marchava já tinha ouvido falar sobre a arte. Tinha conhecido a arte e sorrido maquinalmente na artificialidade de seu agora antigo mundo.
_Mas agora eu acredito que teremos que continuar correndo por um tempo. _gritou a mulher na ventania _Acho que temos que juntar o maior número de Soldados possível, para que a natureza nos ajude em tempo. Antes que os generais consigam de vez destruir a natureza.
O Soldado ficou feliz, não pela vida mas pela esperança. Como seria bonita uma vida com a natureza! Uma vida sem caveiras, um mundo de homens com rosto que sentissem a ventania e a realidade. Que sentissem, assim como agora ele sentia, a essência brilhando multicolorida no centro de seu corpo, de sua mente, de seu espírito. Ainda bem, ele tinha que continuar a correr enquanto era tempo, tinha que chamar outras pessoas, tinha que contar sobre o universo da natureza.
_Ei, olha ali! _disse a mulher loira _Ei, Soldado...
Escritor das folhas soltas
O selvagem tribal chama a atenção de seu amigo, não tão observador mas um pouco mais civilizado, um homem da aristocracia, com uma ligeira cotovelada e uma indicação que ele, informal, aponta com o beiço. O indígena chama a atenção de seu amigo, em meio a ventania que os assola naquele jardim de praça, sobre o homem num banco próximo que medita com olhos centrados no infinito enquanto parece distraído a todas as folhas de seu caderno que voam e se perdem pela praça. O homem apenas se mantém tranquilo, inabalável, indistinto sobre qualquer forma que a sua linhagem deveria representar. O selvagem surpreso, em muito até impressionado, pergunta ao aristocrata palavras que parecem estar rodopiando dentro da sua cabeça:
_É maluco, não é?!
O homem eriça as sombrancelhas de forma incitativa.
_É escritor.
O indígena faz que sim com a cabeça, talvez irresumível a poucos milhares de perguntas.
_E porque deixa voar todos os seus textos? _disse se sentindo atrevido mas considerando inevitável a pergunta_ Qual é o sentido de se escrever desse modo?
_Talvez seja apenas um artista. _respondeu o Lord em tom frio_ Seja um desses loucos visionários do mundo. Talvez tenha escrevido tanto que deixa suas folhas voarem para que se espalhem pela sociedade. Ou talvez germinem na terra e venham a se tornar uma planta. _disse insinuante.
O indígena olhava ainda hipnotizado para a informação que ia se perdendo no vento e nos cantos do parque. A todo momento novas folhas se soltavam do caderno e voavam para mais longe e com mais velocidade.
_Vamos ajudá-lo. _disse se levantando, talvez ainda desse tempo de correr e juntar todas as folhas, pensava.
_Deixe o artista criar. _falou o Lord barreirando-o com o braço_ Deixe a arte livre para criação. Não vê, ele escreve mais. Escreve novos. Deixe que os antigos se percam, afinal, não quer você também que alguém lhe aprisione.
O índio olhou-o sem entender. O homem aristocrata continuou se direcionando à criação.
_Talvez aquelas tenham sido palavras sofridas, miseráveis como o desamor. O criador entende bem da arte quando a faz, ele está vivo num mundo infinito. A própria vida teve muita arte para se criar, mas isso só porque não tinha ninguém que definisse o seu papel, o que deixou-a livre para o amor.
_Que pena! _exclamou_ se alguém tivesse juntado as folhas da vida, talvez hoje entendêssemos da criação. Talvez pudéssemos compreendê-la...
O Lord novamente eriçou o sombrolho.
_Talvez amigo... mas você conhece alguém que já tenha definido a arte. A arte pode ser estudada, mas não aprisionada como pretendem fazer alguns conceitos. E embora a vida seja arte também, ainda existem homens que insistem em aprisioná-la, e isso enfim é o que causa desamor. Já percebeu quanta arte há na natureza?
O selvagem balançou a cabeça positivamente.
_Então deixemos que aquele homem faça a arte com o auxílio do vento. É bom quando começamos algo que não sabemos onde vai parar. Tal é a arte em sua maravilha. Divina e talvez mais precisa, quando se trata de levar amor para os homens, não devemos nos reter em limites. Até a guerra em seu fervor tem também os seus benefícios. Algumas coisas tinham que ser mudadas, outras ainda terão. Além do mais... _calou-se o Lord nesse momento, se retendo numa longa pausa. O indígena instigado insistiu sobre o doutor.
_Além do mais o quê? Além do mais o quê?
O aristocrata falou com toda paciência apesar de tudo.
_Além do mais, catar suas folhas seria acabar com a nossa própria história. Ele é nosso artista, é nosso criador. _e olhando para a expressão longa de dúvida no rosto do indígena, o doutor ainda complementou_ Sim, ou acha que um Lord e um índio conversariam num banco de praça sobre uma ventania fria dessas. Somos também fictícios. E aquele homem cujas folhas voam é o nosso autor. Ele olha contra o vento porque mesmo se olhasse para a nossa direção ele não estaria nos vendo, estaria nos imaginando. Por isso, prefere se inspirar visionando a natureza...
De repente o selvagem pareceu inquieto. Olhou a sua volta e observou que não havia mais do que o escuro ao redor daquele jardim. Não existia nada daquilo, ele era mesmo apenas uma criação. E talvez fosse ou talvez não fosse nem independente. Talvez suas vontades fossem sentidas porque foram apenas decididas pelo criador. Ó, que grandes questões tinha ele agora sobre a liberdade da vida? Surgiam suas vontades pela lógica do amor e do medo, ou foste alguém que o manipulava feito marionetes que introjetou tantas questões nele? Ó meu Deus, era ele ele mesmo, ou um outro?
Diante do próprio criador, nada mais coerente do que obter dele a resposta. O índio então levantou-se decidido e a passos firmes foi caminhando em direção ao escritor das folhas soltas. Seu homem, artista e criador.
_Homem, revele-me a verdade, a luz!
Nisso o escritor lhe direcionou o rosto feliz e olhou-o quase como se pudesse vê-lo. Sorriu. Seus olhos brilhavam tanto como nunca vira outro igual. Levantou o braço tateando o vácuo e num gesto supremo de orgulho proclamou:
_Fim!
Nesse mesmo momento desapareceram todos, o homem, o jardim e o índio. Depois disso, restaram somente as folhas soltas.
_É maluco, não é?!
O homem eriça as sombrancelhas de forma incitativa.
_É escritor.
O indígena faz que sim com a cabeça, talvez irresumível a poucos milhares de perguntas.
_E porque deixa voar todos os seus textos? _disse se sentindo atrevido mas considerando inevitável a pergunta_ Qual é o sentido de se escrever desse modo?
_Talvez seja apenas um artista. _respondeu o Lord em tom frio_ Seja um desses loucos visionários do mundo. Talvez tenha escrevido tanto que deixa suas folhas voarem para que se espalhem pela sociedade. Ou talvez germinem na terra e venham a se tornar uma planta. _disse insinuante.
O indígena olhava ainda hipnotizado para a informação que ia se perdendo no vento e nos cantos do parque. A todo momento novas folhas se soltavam do caderno e voavam para mais longe e com mais velocidade.
_Vamos ajudá-lo. _disse se levantando, talvez ainda desse tempo de correr e juntar todas as folhas, pensava.
_Deixe o artista criar. _falou o Lord barreirando-o com o braço_ Deixe a arte livre para criação. Não vê, ele escreve mais. Escreve novos. Deixe que os antigos se percam, afinal, não quer você também que alguém lhe aprisione.
O índio olhou-o sem entender. O homem aristocrata continuou se direcionando à criação.
_Talvez aquelas tenham sido palavras sofridas, miseráveis como o desamor. O criador entende bem da arte quando a faz, ele está vivo num mundo infinito. A própria vida teve muita arte para se criar, mas isso só porque não tinha ninguém que definisse o seu papel, o que deixou-a livre para o amor.
_Que pena! _exclamou_ se alguém tivesse juntado as folhas da vida, talvez hoje entendêssemos da criação. Talvez pudéssemos compreendê-la...
O Lord novamente eriçou o sombrolho.
_Talvez amigo... mas você conhece alguém que já tenha definido a arte. A arte pode ser estudada, mas não aprisionada como pretendem fazer alguns conceitos. E embora a vida seja arte também, ainda existem homens que insistem em aprisioná-la, e isso enfim é o que causa desamor. Já percebeu quanta arte há na natureza?
O selvagem balançou a cabeça positivamente.
_Então deixemos que aquele homem faça a arte com o auxílio do vento. É bom quando começamos algo que não sabemos onde vai parar. Tal é a arte em sua maravilha. Divina e talvez mais precisa, quando se trata de levar amor para os homens, não devemos nos reter em limites. Até a guerra em seu fervor tem também os seus benefícios. Algumas coisas tinham que ser mudadas, outras ainda terão. Além do mais... _calou-se o Lord nesse momento, se retendo numa longa pausa. O indígena instigado insistiu sobre o doutor.
_Além do mais o quê? Além do mais o quê?
O aristocrata falou com toda paciência apesar de tudo.
_Além do mais, catar suas folhas seria acabar com a nossa própria história. Ele é nosso artista, é nosso criador. _e olhando para a expressão longa de dúvida no rosto do indígena, o doutor ainda complementou_ Sim, ou acha que um Lord e um índio conversariam num banco de praça sobre uma ventania fria dessas. Somos também fictícios. E aquele homem cujas folhas voam é o nosso autor. Ele olha contra o vento porque mesmo se olhasse para a nossa direção ele não estaria nos vendo, estaria nos imaginando. Por isso, prefere se inspirar visionando a natureza...
De repente o selvagem pareceu inquieto. Olhou a sua volta e observou que não havia mais do que o escuro ao redor daquele jardim. Não existia nada daquilo, ele era mesmo apenas uma criação. E talvez fosse ou talvez não fosse nem independente. Talvez suas vontades fossem sentidas porque foram apenas decididas pelo criador. Ó, que grandes questões tinha ele agora sobre a liberdade da vida? Surgiam suas vontades pela lógica do amor e do medo, ou foste alguém que o manipulava feito marionetes que introjetou tantas questões nele? Ó meu Deus, era ele ele mesmo, ou um outro?
Diante do próprio criador, nada mais coerente do que obter dele a resposta. O índio então levantou-se decidido e a passos firmes foi caminhando em direção ao escritor das folhas soltas. Seu homem, artista e criador.
_Homem, revele-me a verdade, a luz!
Nisso o escritor lhe direcionou o rosto feliz e olhou-o quase como se pudesse vê-lo. Sorriu. Seus olhos brilhavam tanto como nunca vira outro igual. Levantou o braço tateando o vácuo e num gesto supremo de orgulho proclamou:
_Fim!
Nesse mesmo momento desapareceram todos, o homem, o jardim e o índio. Depois disso, restaram somente as folhas soltas.
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