No início do ano de 2010, eu e minha família decidimos abandonar o Rio de Janeiro, cidade onde nascemos e crescemos, para ir morar no distrito de Aldeia Velha, comunidade rural no interior do estado.
Nosso objetivo ao deixar a cidade era resgatar, na comunhão com a natureza, o espírito dos povos da terra.
Deixando para trás a civilização e o caos, abandonando as mazelas da hiper-concentração urbana, como a poluição e a violência. Buscávamos no campo um lugar simples, com gente humilde, onde pudéssemos criar nossos filhos com liberdade, regados pela abundância e pela beleza de um verdadeiro paraíso ecológico.
E para cá viemos. E aqui fizemos morada. E tratamos de procurar então, um meio de levar a vida. Uma ocupação que gerasse sustento a nossa família, que já aguardava a chegada de um novo ser.
E assim mergulhamos na problemática sobrevivência da população rural.
De imediato, muitas questões se apresentaram. A concentração e especulação econômica da terra, o modelo de pastagem e a moderna agricultura industrial que prevalecem no campo.
A força do camponês, ainda que desgastada, repousa na sua simplicidade. E nela abastecemos nossa coragem de seguir em frente. Não desistimos do nosso plano de nos tornarmos pequenos produtores rurais, apesar das dificuldades.
Quase todo morador da roça, tem no seu quintal o plantio de algum alimento ou a criação de algum animal. Na roça, todos são produtores. Todos são artesãos da natureza.
Em meu quintal, num espaço de aproximados 40ms quadrados, é possível produzir legumes suficientes para serem consumidos durante 3 meses por uma família composta por 4 pessoas. Fazendo alguns cálculos, perceberemos que serão necessários não mais do que 1000ms quadrados para que minha família possa ser auto-suficiente, produzindo desde seus próprios legumes e verduras até os animais de sua criação que servirão a vossa mesa.
Com uma boa rede de trocas entre produtores, pode-se ter de tudo sem nem mesmo conhecer que cor tem o dinheiro.
Essas qualidades fazem do fortalecimento da Agricultura Familiar um caminho seguro para a transição agroecológica de nossa sociedade. Quando toda a população contida e amontoada nas grandes cidades espalhar-se pelo chão, dividindo em partes iguais os grandes latifúndios com suas monoculturas e pastagens. Quando assentados no chão, todos os seres urbanos se tornarem produtores, artesãos da terra... estaremos, enfim, livres das desgraças da aglomeração humana. Estaremos aptos a recomeçar uma vida mais saudável e real. Em contato pleno com a nossa verdadeira natureza interior.
Apoiar a Agricultura Familiar é uma forma de caminharmos nessa transição agroecológica. Incentivar a produção orgânica e a expansão das técnicas de bioconstrução e permacultura serão cruciais nesse processo.
O fortalecimento de familias tradicionais de agricultores é importante para a produção de alimentos saudáveis que cheguem às nossas mesas deixando florestas em pé.
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