sábado, 19 de dezembro de 2009
III Aldeia Cultural - Como foi?
No final de semana dos dias 11, 12 e 13 de Dezembro, aconteceu no
distrito de Aldeia Velha, Silva Jardim, a 3˚ edição do ALDEIA CULTURAL
– Mostra de Conhecimento Tradicional de Aldeia Velha.
Esse ano contando com o patrocínio do Governo Federal, adquirido
através do edital de apoio a pequenos eventos aberto pelo Ministério
da Cultura, o Aldeia Cultural contou com a presença de diversos grupos
musicais, teatrais, agricultores e produtores rurais, ambientalistas,
grupos acadêmicos e representantes de movimentos sociais que, durante
três dias, fizeram da pequena cidade de Aldeia Velha um verdadeiro
quilombo cultural.
Na sexta feira (11/12) a abertura do evento foi a oficina de
cenografia realizada pela Ana Rezende e pela Luz de Lucena com as
crianças da Escola Municipalizada Vila Silva Jardim. O resultado foi
uma linda variedade de animais recortados e coloridos pelos alunos,
que ficaram expostos no palco da mostra durante os outros dias da mostra.
Ainda na sexta feira ocorreu a apresentação do grupo musico-teatral
Carroça de Mamulengos que emocionou o público presente com seu
espetáculo folclórico que conta causos da vida real e reúne elementos
do circo e do teatro popular regional.
Para encerrar a noite, a Orquestra Voadora com seus 14 artistas fez
um espetáculo itinerante pelas ruas de Aldeia Velha e levou o público
de cerca de 300 pessoas a um estado de extrema euforia.
O sábado começou com a caminhada ecológica pelas cachoeiras de Aldeia
e foi preenchido pela tarde com as oficinas de Quintas Agroecológicos
realizadas nas cercanias de alguns moradores locais. O objetivo era
estimular a troca de conhecimento entre os moradores da cidade e do
campo acerca dos conhecimentos agroecológicos e fomentar a produção e
o consumo dos alimentos locais. Enquanto isso, a carroça de livros movida pela Trupe Trupiniquim perambulou pela cidade espalhando literatura e contando histórias aos
moradores e transeuntes. Os artistas circenses arrancaram risadas dos
que passearam pela praça.
Para encerrar a noite, o show do Nó Cego, grupo de forró de São Pedro
da Serra, iluminou o palco e provocou o tradicional arrasta pé dos
forrozeiros.
No Domingo, aconteceu pela manhã a Feira de Produtores de Aldeia
Velha, onde os agricultores e produtores que integram a rede expuseram
seus diferentes produtos, demonstrando a diversidade da produção
familiar da região. Da vassoura de Pindoba ao sabão feito com óleo
reciclado. Do mais puro mel ao café torrado e moído. Em todos os
sorrisos estava o orgulho do pequeno produtor ao poder saciar seu
público. Em todos os olhares estava o brilho e a dignidade de poder
ser um produtor.
A Feira ainda contou com a presença de índios Pataxó oriundos de uma
aldeia no sul da Bahia também denominada Aldeia Velha, e de diversos
agricultores vindos dos assentamentos, quilombos e demais localidades
do Estado do Rio de Janeiro.
Após o término da Feira, todos caminharam até a Escola Municipalizada
de Aldeia Velha aonde foi servido um almoço vivo agroecológico produzido
com alimentos da Rede de Produtores de Aldeia Velha seguido por um
debate sobre o bem comum, propriedade intelectual e o perigo dos transgênicos à conservação de sementes.
Posteriormente, ocorreu a inauguração da Casa de Sementes Livres. Um
marco para a conservação das sementes caboclas de todo o Estado.
Os shows do Filhos da Aldeia (grupo regional de forró), da Orquestra
Apanhei-te Cavaquinho de Cabo Frio e do grupo de Jongo do Quilombo São José,
de Valença, deram desfecho aos festejos do Aldeia Cultural, celebrando
a cultura popular, a diversidade étnica e reafirmando a identidade
cultural de uma comunidade.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
A Feira de Produtores de Aldeia Velha
Na Feira estão todos os Produtores com os seus produtos.
Artesanatos, tradições, objetos de arte, grãos, folhas ... frutos.
Todos juntos! Alguns vindos de muito longe.
Tão longe que à vista a montanha esconde.
Mas o que a mata esconde, não é impossível de ver.
Se bons olhos vós costuma ter.
Há de ver nas marcas, de um homem bruto
o admirável que é poder prover
a todos com seu próprio produto.
Vem a pé ou em lenta cavalgada
E se vem, vem carregado.
O lavrador com seu alimento.
Alimenta o povo e tira sustento.
E assim se dá por Abençoado!
Bem melhor que filosofia,
É o humano que tira na lida do dia
Em proveito nosso,
O que Deus dá a contento.
Vem da terra o fruto que pelas mãos robustas
toma forma as vezes à muitas custas
e chega a nós como um delicioso alento.
A Feira se faz em Festa,
Por ver em cada um o luminoso brio.
A rua fecha, em plena luz do dia.
Em Aldeia Velha, a vida é bela.
E se move como um rio.
Artesanatos, tradições, objetos de arte, grãos, folhas ... frutos.
Todos juntos! Alguns vindos de muito longe.
Tão longe que à vista a montanha esconde.
Mas o que a mata esconde, não é impossível de ver.
Se bons olhos vós costuma ter.
Há de ver nas marcas, de um homem bruto
o admirável que é poder prover
a todos com seu próprio produto.
Vem a pé ou em lenta cavalgada
E se vem, vem carregado.
O lavrador com seu alimento.
Alimenta o povo e tira sustento.
E assim se dá por Abençoado!
Bem melhor que filosofia,
É o humano que tira na lida do dia
Em proveito nosso,
O que Deus dá a contento.
Vem da terra o fruto que pelas mãos robustas
toma forma as vezes à muitas custas
e chega a nós como um delicioso alento.
A Feira se faz em Festa,
Por ver em cada um o luminoso brio.
A rua fecha, em plena luz do dia.
Em Aldeia Velha, a vida é bela.
E se move como um rio.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Encontro em Tapinoã
Aconteceu no último dia 5 de Novembro um encontro promovido pela Articulação de Agroecologia do Estado do Rio de Janeiro na comunidade de Tapinoã, comunidade remascente de Quilombolas que ainda está buscando a titulação da terra e está situada entre as cidades de Silva Jardim e Araruama.
O encontro tinha por objetivo promover a troca de sementes crioulas entre os agricultores agroecológicos de todo o Estado e fortalecer a conservação das sementes de milho roxo que estão há mais de cem anos passando de mão em mão entre as velhas e as novas gerações da comunidade.
A comunidade de Tapinoã possui uma casa de farinha muita antiga e modernizada que produz farinha de Tapioca para vender nos mercados das comunidades próximas.
O encontro foi muito importante e saudável. Fizemos uma caminhada leve conhecendo as áreas de roça e as experiências que estão sendo desenvolvidas no local, um pequeno bate-papo sobre as questões que envolvem as sementes, e depois terminamos com tão esperada troca de sementes. É essa troca entre agricultores de diferentes regiões que vai garantir a conservação dessas sementes, pois mesmo que um agricultor tenha um problema com pragas ou de adaptação climática, outros agricultores de diferentes regiões estarão cultivando aquela mesma espécie de semente.
Além disso, o cruzamento entre os diferentes tipos de sementes de uma mesma espécie (por exemplo, entre os diversos tipos de milho, de feijão etc), que são originários de diferentes regiões e portanto estão sucetíveis a distintas condições ambientais, dão origem a uma semente fortalecida e mais resistente. Claro, se ambas as sementes envolvidas no cruzamento forem sementes crioulas e estiverem sendo cultivadas num mesmo bioma, ou num bioma parecido.
O próximo encontro de articulação das sementes do estado do Rio de Janeiro será realizado nos dias 11, 12 e 13 de dezembro em Aldeia Velha, distrito do município de Silva Jardim, quando será inaugurada a Casa de Sementes Livres de Aldeia Velha junto a Festa da Rede de Produtores local.
Não percam!!!
Mais informações no site: www.escoladamataatlantica.org
domingo, 26 de julho de 2009
Feliz Ano Semente Auto-Existente Amarela!!
Estamos começando mais um ano galáctico, o ano da semente auto-existente amarela, que vai do dia 26 de julho de 2009 até o dia 24 de julho de 2010. Nesse ano esperamos dar forma aos rumos que temos seguido desde o início de nossa caminhada, em 2006. E assim consolidar com periodicidade e dinamismo as ações da Escola da Mata Atlântica.
No último ano galáctico, ano da Tormenta Elétrica Azul, que acabou recentemente, demos continuidade a nosso processo de transformar a Horta da Escola de Aldeia Velha numa Horta Agroecológica, planejada por sábios técnicos permacultores. Foi ótimo ver os alunos da escola, os professores e até alguns membros da comunidade de Aldeia Velha, colaborando nesse processo.
A escola de Aldeia Velha foi envolvida também pelo Curso de Formação Pedagógica da Casa de Sementes Livres, onde os professores receberam semanalmente palestras com convidados oriundos das mais diversas instituições ambientais, sociais e políticas de todo o Estado do Rio de Janeiro. O curso foi realizado no intuito de aproximar os professores aos conhecimentos agroecológicos e conservacionistas, além de fortalecer a autonomia política e a mobilização regional, unindo elos da cultura tradicional local, que deve ser preservada.
(Vídeo no You Tube sobre a Casa de Sementes: http://www.youtube.com/watch?v=XIXEbAP-DME )
Agora no ano da Semente Auto-Existente, a EMA estará dando inicio às atividades do Ponto de Cultura Caipira de Aldeia Velha, projeto do Governo Federal, que será realizado durante três anos no povoado.
No mês de Setembro será realizada a Feira de Sementes em Aldeia Velha, dando continuidade às atividades da Casa de Sementes Livres.
Em Outubro, acontecerá o III Aldeia Cultural, dessa vez com mais estrutura, espalhando oficinas, debates, exposições e apresentações artísticas pelas ruas da cidadela.
A partir de então poderemos começar a nos focar na produção do IV Festival Experimental EletrOrgânico, que deverá acontecer num inusitado formato nesse Ano da Semente Auto-Existente!
Acho que podemos esperar muitas novas realizações do coletivo da Escola da Mata Atlântica. Um coletivo, que no amor de suas ações, vem construindo um pólo de agroecologia, preservação ambiental e unindo as pessoas através de organizações mais humanas e humanitárias.
Feliz Dia Fora do Tempo!!
E um Bom Ano da Semente Auto-Existente Amarela para todos e para o planeta!!!!
quarta-feira, 10 de junho de 2009
A Casa das Sementes Livres de Aldeia Velha.
Eu sempre fui amigo das sementes.
Pois enquanto eu, livre, voava pelos céus...
Ficava a observar a escravidão e a dor que elas sofriam nas mãos de gananciosos comerciantes de alimentos.
Envenenadas com agrotóxicos altamente perigosos à saúde. Geravam alimentos inócuos, que eram então vendidos as famílias nos mercados, mas que, intoxicados, não podiam gerar novos frutos.
As famílias de agricultores mais pobres ficavam sempre escravas dos agricultores mais ricos, que tinham o controle das sementes. E assim não podiam se tornar produtoras.
Muitas vezes eu mesmo engolia uma semente e transportava ela até um lugar seguro, onde pudesse despejá-la com segurança, à salvo de homens ganaciosos.
Foi por isso que eu fiquei muito feliz quando vi alguns jovens da Escola da Mata Atlântica anunciarem a construção da Casa das Sementes Livres de Aldeia Velha.
Através da conservação das sementes boas, as conhecidas sementes criollas, os agricultores poderiam ter acesso a sementes de qualidade sem ter que pagar nada por isso. Ficando livres para produzirem alimentos muito bons e saudáveis, que pudessem também alimentar outras famílias.
Durante o primeiro ano do projeto foi realizado um curso mensal de introdução às questões agroecológicas, na Escola Municipalizada de Aldeia Velha. Foram abordadas as questões dos remédios naturais (fitoterápicos) feitos com plantas medicinais; das caldas naturais, (remédios contra pragas agrícolas feitos de maneira natural, em contraposição ao uso de agrotóxicos); de introdução a Agroecologia em si; e da importância de um banco de sementes comunitário como garantia da conservação da biodiversidade e do livre acesso as sementes pelos agricultores.
Ao final deste primeiro ano foi iniciada a construção da Casa das Sementes Livres de Aldeia Velha. Em mutirões que contaram com a participação de pessoas de diversas regiões do Estado. Pouco a pouco foi se desenhando a estrutura das paredes de estuque. Com barro e madeira, foi-se moldando o destino das sementes.
A conservação de suas histórias e de suas distintas combinações genéticas é a garantia da continuidade de sua família e de suas raízes ancestrais.
Aliada a conservação das sementes criollas, a Casa das Sementes Livres montou também um telecentro de informática para a disseminação de outras ‘sementes livres’, as sementes digitais do software livre.
Mas o que os softwares livres tem a ver com as sementes crioullas?
Se você não entendeu, preste atenção:
O controle de patentes dos softwares é muito parecido com o que tem acontecido no controle de patentes de sementes transgênicas. O agricultor, ou o usuário de um computador, fica obrigado a comprar a sua mercadoria das grandes empresas, escravo das suas eternas inovações tecnológicas.
Com os softwares livres, os usuários de computadores ficam livres para criar e recriar seus softwares, aprimorando eles livremente apartir de seu uso contínuo. E não precisam pagar nada por isso.
Com as sementes crioullas, os agricultores tem acesso a sementes de qualidade, selecionadas milenarmente apartir de seu uso. E não precisam pagar nada por isso.
Dessa forma, a Casa das Sementes Livres de Aldeia Velha ajuda na criação de alternativas sustentáveis de conservação ambiental, possibilitando que todos tenham acesso gratuíto a cultura, ao conhecimento e às ferramentas de transformação social necessárias para uma efetiva mudança nos padrões de produção e consumo da sociedade.
Junto com a conservação das sementes crioullas também é importante manter um modo de plantio integralmente orgânico. Para que as sementes sejam preservadas com a menor influência química possível.
Até eu já fiz minha casa dentro da Casa das Sementes, e vou ficar junto dos meus amiguinhos...
E agora, finalmente se iniciará o Curso de Inauguração da Casa de Sementes Livres de Aldeia Velha. Apartir do dia 17 de Junho até meados de Julho, toda quarta-feira acontecerá na Escola Municipalizada de Aldeia Velha, local aonde está situada a Casa das Sementes, um ciclo de palestras e oficinas culminando, no dia 18 de Julho, com a saborosa Festa da Roça, momento de consolidação de um sonho em realidade. E o início de uma nova relação entre nós e o mundo que nos rodeia!!
Ass.: Passarinho da Horta da Escola de Aldeia Velha.
Pois enquanto eu, livre, voava pelos céus...
Ficava a observar a escravidão e a dor que elas sofriam nas mãos de gananciosos comerciantes de alimentos.
Envenenadas com agrotóxicos altamente perigosos à saúde. Geravam alimentos inócuos, que eram então vendidos as famílias nos mercados, mas que, intoxicados, não podiam gerar novos frutos.
As famílias de agricultores mais pobres ficavam sempre escravas dos agricultores mais ricos, que tinham o controle das sementes. E assim não podiam se tornar produtoras.
Muitas vezes eu mesmo engolia uma semente e transportava ela até um lugar seguro, onde pudesse despejá-la com segurança, à salvo de homens ganaciosos.
Foi por isso que eu fiquei muito feliz quando vi alguns jovens da Escola da Mata Atlântica anunciarem a construção da Casa das Sementes Livres de Aldeia Velha.
Através da conservação das sementes boas, as conhecidas sementes criollas, os agricultores poderiam ter acesso a sementes de qualidade sem ter que pagar nada por isso. Ficando livres para produzirem alimentos muito bons e saudáveis, que pudessem também alimentar outras famílias.
Durante o primeiro ano do projeto foi realizado um curso mensal de introdução às questões agroecológicas, na Escola Municipalizada de Aldeia Velha. Foram abordadas as questões dos remédios naturais (fitoterápicos) feitos com plantas medicinais; das caldas naturais, (remédios contra pragas agrícolas feitos de maneira natural, em contraposição ao uso de agrotóxicos); de introdução a Agroecologia em si; e da importância de um banco de sementes comunitário como garantia da conservação da biodiversidade e do livre acesso as sementes pelos agricultores.
Ao final deste primeiro ano foi iniciada a construção da Casa das Sementes Livres de Aldeia Velha. Em mutirões que contaram com a participação de pessoas de diversas regiões do Estado. Pouco a pouco foi se desenhando a estrutura das paredes de estuque. Com barro e madeira, foi-se moldando o destino das sementes.
A conservação de suas histórias e de suas distintas combinações genéticas é a garantia da continuidade de sua família e de suas raízes ancestrais.
Aliada a conservação das sementes criollas, a Casa das Sementes Livres montou também um telecentro de informática para a disseminação de outras ‘sementes livres’, as sementes digitais do software livre.
Mas o que os softwares livres tem a ver com as sementes crioullas?
Se você não entendeu, preste atenção:
O controle de patentes dos softwares é muito parecido com o que tem acontecido no controle de patentes de sementes transgênicas. O agricultor, ou o usuário de um computador, fica obrigado a comprar a sua mercadoria das grandes empresas, escravo das suas eternas inovações tecnológicas.
Com os softwares livres, os usuários de computadores ficam livres para criar e recriar seus softwares, aprimorando eles livremente apartir de seu uso contínuo. E não precisam pagar nada por isso.
Com as sementes crioullas, os agricultores tem acesso a sementes de qualidade, selecionadas milenarmente apartir de seu uso. E não precisam pagar nada por isso.
Dessa forma, a Casa das Sementes Livres de Aldeia Velha ajuda na criação de alternativas sustentáveis de conservação ambiental, possibilitando que todos tenham acesso gratuíto a cultura, ao conhecimento e às ferramentas de transformação social necessárias para uma efetiva mudança nos padrões de produção e consumo da sociedade.
Junto com a conservação das sementes crioullas também é importante manter um modo de plantio integralmente orgânico. Para que as sementes sejam preservadas com a menor influência química possível.
Até eu já fiz minha casa dentro da Casa das Sementes, e vou ficar junto dos meus amiguinhos...
E agora, finalmente se iniciará o Curso de Inauguração da Casa de Sementes Livres de Aldeia Velha. Apartir do dia 17 de Junho até meados de Julho, toda quarta-feira acontecerá na Escola Municipalizada de Aldeia Velha, local aonde está situada a Casa das Sementes, um ciclo de palestras e oficinas culminando, no dia 18 de Julho, com a saborosa Festa da Roça, momento de consolidação de um sonho em realidade. E o início de uma nova relação entre nós e o mundo que nos rodeia!!
Ass.: Passarinho da Horta da Escola de Aldeia Velha.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
A Rede BioSócioRegional do Estado do Rio de Janeiro
Com base em muito esforço e dedicação, ao longo deste ano e do ano passado, foi se desenvolvendo os elos da Rede BioSócioRegional Rio de Janeiro.
No ano passado foram realizados diversos encontros periódicos, seguindo os ciclos da lua cheia, onde o foco era o trabalho com a terra e a troca cultural e espiritual entre os membros deste grande organismo coletivo.
Muitas canções foram aprendidas, muitas rodas foram realizadas. Celebrações, rituais mágicos de cura, abraços coletivos, orações... tudo completando uma imensa alegoria de sons e sentimentos, banhada no amor do trabalho com a Terra.
Assim completou-se um ano. Nasceu um pequenino bebê. A agroecologia nos guiou desde o princípio. Orientando nossos pensamentos e atitudes em coerência divina com todas as forças e energias da natureza.
Passado esse ano, nossa rede se tornou cada vez mais coerente com o contexto da sociedade global onde a remediação ambiental se faz urgentemente necessária. Atraindo cada vez mais pessoas, expandindo-se em sua fluídez, a BioSócioRegional juntou uma grande família dispersa nos diversos recantos do Estado.
Neste primeiro encontro do ano de 2009, realizado no Quilombo São José junto a Festa dos Pretos Velhos, os diversos atores da rede puderam interagir com os remanescentes de quilombolas, guardiães de um sagrado vale iluminado e de uma esplendorosa cultura ancestral africana.
A troca entre a BioSócioRegional e a cultura quilombola não poderia ter sido mais harmônica. Ambos possuem uma intensa espiritualidade baseada em músicas de reverência aos poderes e as entidades da natureza.
Eis um tipo de encontro aonde todos saem ganhando. Fortalecendo a rede de cultura agroecológica do estado do Rio de Janeiro. E enchendo a alma de Luz, Alegria e Serenidade.
Alguns objetivos da Rede BioSócioRegional:
_Comer apenas alimentos agroecológicos, ou ao menos orgânicos (sem agrotóxico).
_Reduzir a produção de lixo. Considerando lixo aquilo que não pode servir pra nada.
_Difundir e fundiar a Agricultura Ecológica, realizando manejos das áreas escolhidas para os encontros de acordo com a época de cada.
_Fortalecer uma rede de atores interessados no desenvolvimento de um mundo ecologicamente sustentável, socialmente justo e culturalmente viável. Levando consigo os princípios de cooperação, amor mútuo e perdão universal.
Venha fazer parte você também da Rede BioSócioRegional Rio!! Fortaleça essa rede de cultura sustentável e espiritualidade pela Cura do planeta Terra, nosso Paraíso!!!
Em breve, aqui, notícias dos próximos encontros...
Até lá!
domingo, 26 de abril de 2009
Marcha da Maconha 2009 , veja o dia da sua cidade!!
A humanidade, desde tempos imemoriais, tem feito uso de plantas de poder em rituais de carácter religioso. Algumas plantas, como a Cannabis e a Coca, ainda hoje presentes no nosso cotidiano, fazem parte de hábitos culturais humanos herdados de nossos antepassados mais remotos.
Mesmo depois da proibição recente dessas plantas (recente se considerarmos que fazemos uso a milênios e a proibição tem menos de um século) a humanidade não parece estar se distanciando do consumo de tais substâncias. Pelo contrário, o consumo tem crescido a cada dia mais.
Vemos assim, que se torna impossível, ou improvável, que tais substâncias sejam plenamente extintas do mundo. A crença do sistema político na erradicação dessas plantas é ao menos uma infantilidade, por não observar circunstâncias muita claras da sociedade.
A proibição, no entanto, remonta a estratégia das indústrias textêis e petroquímicas em revogar seu domínio economico. Domínio que, no final da década de 1920, forçou a proibição da Cannabis por célebres motivos. A indústria petroquímica começava a ganhar força como fornecedora de combustíveis à um crescente mercado automobilístico, e o óleo de Cannabis já tinha se mostrado, com a construção de uma carro integralmente feito e movido a Cannabis pelo engenhoso Henri Ford, como um terrível oponente aos combustíveis fósseis. Por outro lado, a indústria textil avançava nas pesquisas dos tecidos sintéticos, e os tecidos feitos de fibra de cânhamo (espécie de cannabis que não possui poder enteógeno) não poderiam mais ser produzidos, por sua tremenda eficiência economica e ecológica.
Desta feita, no final dos anos 1920 e início dos anos 1930, a Cannabis passou a ser proibida nos EUA e posteriormente em outros países do mundo. Algum tempo depois, outras plantas e substâncias foram também reprimidas (como a Coca, o LSD etc) por despertarem nas pessoas sérios questionamentos contrários a funcionalidade do sistema capitalista.
A Questão, Hoje.
Atualmente, o problema que envolve as conhecidas ‘drogas’ está espalhado pela sociedade enquanto gérmem de uma tragédia anunciada. Concentrada em guetos, comercializada aos quilos pelas ruas das cidades, a venda de ‘drogas’ gera uma receita inesgotável, capaz de oferecer uma vida rentável a milhares de pessoas.
O que transformou o problema inicial, que era apenas economico, em um grande problema social e político. Hoje em dia, a legalização do plantio de tais substâncias – em especial a Cannabis e a Coca – extinguiria um mercado que já alimenta e sustenta muita gente. A proibição, no entanto, tem se mostrado ineficaz em todos os sentidos.
A guerra do Estado contra o tráfico de drogas é uma guerra onde todos nós saimos perdedores. Uma guerra entre familiares. Uma guerra extremamente corrupta, silenciosamente hipócrita, sigilosa e, por isso mesmo, escancarada ao mundo inteiro.
Uma possível compreensão...
Como podemos solucionar esse dilema, esse terrível quebra-cabeças que agora se apresenta? Se por um lado a proibição se tornou incapaz de solucionar os problemas que propôs solucionar, inclusive criando outros de maior magnitude e complexidade. Por outro, a legalização se mostra um processo muito arisco, ainda com riscos de acirrar mais os problemas já existentes.
Acredito, que antes de mais nada, a sociedade precisa comprender o real significado das plantas de poder na vida humana. Debater o tema é uma das ações mais importantes para resolver essa questão que afeta a vida de tantas pessoas ao redor do mundo.
A marcha da maconha é um evento que acontece simultaneamente em centenas de cidades do mundo inteiro, todos os anos, recentemente nos meses de Maio, e tem por objetivo debater a legalização da Cannabis, vulgarmente conhecida como maconha.
Para maiores informações acesse:
www.marchadamaconha.org
sábado, 18 de abril de 2009
Quilombo de Agroecologia
Diversos grupos tem se interessado atualmente pelo estudo de Agroecologia. Se trata de um modelo diferente de ocupação humana, que tem se desenvolvido muito nas últimas décadas, transformador das relações insustentáveis hoje estabelecidas entre o homem e a natureza que o envolve. Seu intuito é modificar a base da cadeia produtiva humana através da mudança do olhar e das perspectivas que possuem as populações agricultoras.
Ao invés do grande modelo monocultor, aonde o sitiante estabelece o cultivo de apenas um único alimento ao longo de grandes áreas, nos moldes agroecológicos, são manejados diferentes tipos de alimentos numa mesma área. Tendo por objetivo não só a produção de alimentos mas também o enriquecimento do solo e a regeneração da floresta produtiva, o sistema agroflorestal (SAF como é conhecido) procura manter-se em sintonia com os ciclos naturais que influenciam definitivamente o comportamento do cio das plantas.
A implantação de SAF’s representa, cada vez mais, as aspirações humanas por um sistema que seja ecológicamente sustentável, economicamente viável e influencie o despertar da sociedade para a harmonia que é viver de uma maneira auto-sustentável e ecologicamente correta.
Ao fazer sua própria agrofloresta, na sua casa, você poderá ter uma gama diversa de alimentos, com a certeza da qualidade orgânica na sua alimentação, sem que tenha que gastar dinheiro para isso. Além disso você contribui para a qualificação ambiental da Terra, criando uma área de regeneração de floresta nativa ao mesmo tempo em que mantém uma roça produtiva. Mantendo uma relação saudável com a terra, você certamente estará trabalhando também sua própria saúde interna, no corpo, na mente e no espírito.
Essa é a realidade que pode ser verificada, na prática, no Quilombo Campinho da Independência, em Paraty.
Através de projeto realizado pelo IDACO (instituto de desenvolvimento e ação comunitária) com apoio do PDA (Ministério do Meio Ambiente), são beneficiados as cerca de 120 famílias moradoras do Campinho e remanescentes de Quilombolas. Na comunidade já foram implantados cerca de 20.000 metros de SAF’s, apenas nos últimos cinco anos, da onde se pode colher café, inhame, juçara, banana, urucum entre outras árvores florestais que complementam um plantio predominantemente ocupado por milhares de Palmitos de Pupunha.
O plantio monta uma ‘sincronicidade de luz’, onde as espécies, em seus diferentes tamanhos e ciclos biológicos, podem se beneficiar mutuamente fortalecendo a biomassa concentrada na região. Manejo é a palavra chave da agroecologia. O plantio, realizado uma única vez, pode dar colheitas de elementos diversos, em diferentes épocas, durante muitos e muitos anos.
A criação e manutenção de um viveiro, no entanto, se torna fundamental para que se complete o ciclo: colheita, reprodução, novo plantio. Isso garante a continuidade e eterna sustentabilidade do sistema em seu carácter ambiental, produtivo e economico; dando aos moradores do Campinho da Independência a certeza de que deixarão para os seus filhos e netos um mundo muito mais puro, bonito e generoso.
Em breve, mais uma edição da Revista ECOS, Ecologia Sustentável, estará disponível em formato audiovisual (ebook) no link SementesCaboclas, na coluna ao lado. Não perca!
Ao invés do grande modelo monocultor, aonde o sitiante estabelece o cultivo de apenas um único alimento ao longo de grandes áreas, nos moldes agroecológicos, são manejados diferentes tipos de alimentos numa mesma área. Tendo por objetivo não só a produção de alimentos mas também o enriquecimento do solo e a regeneração da floresta produtiva, o sistema agroflorestal (SAF como é conhecido) procura manter-se em sintonia com os ciclos naturais que influenciam definitivamente o comportamento do cio das plantas.
A implantação de SAF’s representa, cada vez mais, as aspirações humanas por um sistema que seja ecológicamente sustentável, economicamente viável e influencie o despertar da sociedade para a harmonia que é viver de uma maneira auto-sustentável e ecologicamente correta.
Ao fazer sua própria agrofloresta, na sua casa, você poderá ter uma gama diversa de alimentos, com a certeza da qualidade orgânica na sua alimentação, sem que tenha que gastar dinheiro para isso. Além disso você contribui para a qualificação ambiental da Terra, criando uma área de regeneração de floresta nativa ao mesmo tempo em que mantém uma roça produtiva. Mantendo uma relação saudável com a terra, você certamente estará trabalhando também sua própria saúde interna, no corpo, na mente e no espírito.
Essa é a realidade que pode ser verificada, na prática, no Quilombo Campinho da Independência, em Paraty.
Através de projeto realizado pelo IDACO (instituto de desenvolvimento e ação comunitária) com apoio do PDA (Ministério do Meio Ambiente), são beneficiados as cerca de 120 famílias moradoras do Campinho e remanescentes de Quilombolas. Na comunidade já foram implantados cerca de 20.000 metros de SAF’s, apenas nos últimos cinco anos, da onde se pode colher café, inhame, juçara, banana, urucum entre outras árvores florestais que complementam um plantio predominantemente ocupado por milhares de Palmitos de Pupunha.
O plantio monta uma ‘sincronicidade de luz’, onde as espécies, em seus diferentes tamanhos e ciclos biológicos, podem se beneficiar mutuamente fortalecendo a biomassa concentrada na região. Manejo é a palavra chave da agroecologia. O plantio, realizado uma única vez, pode dar colheitas de elementos diversos, em diferentes épocas, durante muitos e muitos anos.
A criação e manutenção de um viveiro, no entanto, se torna fundamental para que se complete o ciclo: colheita, reprodução, novo plantio. Isso garante a continuidade e eterna sustentabilidade do sistema em seu carácter ambiental, produtivo e economico; dando aos moradores do Campinho da Independência a certeza de que deixarão para os seus filhos e netos um mundo muito mais puro, bonito e generoso.
Em breve, mais uma edição da Revista ECOS, Ecologia Sustentável, estará disponível em formato audiovisual (ebook) no link SementesCaboclas, na coluna ao lado. Não perca!
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Caio na rede...
Um dia, deitado à rede, numa trânquila e sorrateira tarde de quinta, ocorreu-me o pensamento de que tínhamos inventado uma coisa extremamente simples, que é ao mesmo tempo um produto muito sofisticado, que nos envolve e acalenta num delicioso balanço aconchegante.
Uma rede!
União de diversos pontos, milhares de linhas isoladas, movimentos entrelaçados e descontínuos, que dentro desse imenso emaranhado, cumprem seu importante papel. O papel de formar uma rede. De ser um elo de força que sustenta e se junta, numa perfeição caótica, para realizar um plano maior.
Deitado à rede, abri meu caderno.
Através dele me conecto a uma outra rede. Nesta, sou apenas um laço, um pequeno pedaço, um sonho de alguém, que está deitado à sua rede agora, lendo, escrevendo e navegando em seu pequeno caderno. Meu caderno aberto mostra o que estão pensando outras pessoas, em outras partes do mundo... caminhando com seus cachorros pelas ruas, subindo montanhas assombrosas, realizando projetos inovadores... Todos acomodados a rede! Envolvidos e acalentados pelo balanço das ondas da tecnologia. Que está nas coisas mais simples da vida, que está no ar.
Este meu pequeno caderno, ah... este pequeno caderno sempre pode me levar a algum lugar, me mostrar um desenho, as condições do mar, um raro amigo.
Este pequenino caderno, amante moderno, que anda sempre comigo.
Uma rede!
União de diversos pontos, milhares de linhas isoladas, movimentos entrelaçados e descontínuos, que dentro desse imenso emaranhado, cumprem seu importante papel. O papel de formar uma rede. De ser um elo de força que sustenta e se junta, numa perfeição caótica, para realizar um plano maior.
Deitado à rede, abri meu caderno.
Através dele me conecto a uma outra rede. Nesta, sou apenas um laço, um pequeno pedaço, um sonho de alguém, que está deitado à sua rede agora, lendo, escrevendo e navegando em seu pequeno caderno. Meu caderno aberto mostra o que estão pensando outras pessoas, em outras partes do mundo... caminhando com seus cachorros pelas ruas, subindo montanhas assombrosas, realizando projetos inovadores... Todos acomodados a rede! Envolvidos e acalentados pelo balanço das ondas da tecnologia. Que está nas coisas mais simples da vida, que está no ar.
Este meu pequeno caderno, ah... este pequeno caderno sempre pode me levar a algum lugar, me mostrar um desenho, as condições do mar, um raro amigo.
Este pequenino caderno, amante moderno, que anda sempre comigo.
segunda-feira, 30 de março de 2009
Grito de Gaya
"Aprende-se que, na verdade, precisaríamos de poucas coisas. Que a volúpia de possuir e acumular é uma perversão dos civilizados."
Acredito que com essa edição n.13 atingimos uma nova fase desse trabalho. Concluímos que a prática da ecologia e da sustentabilidade precisam ser exercitadas diariamente se quisermos realmente reverter o quadro de desgaste e de penúria que a sociedade planetária está vivendo.
As crises economicas, sociais e ambientais se tornam eminentes. E mais urgente se torna a necessidade de tomarmos uma postura diferente nas relações que estabelecemos com o mundo.
Assista aos vídeos das últimas edições da Revista ECOS clikando no link SementesCaboclas (no lado esquerdo), e conheça um pouco mais sobre as pesquisas que estamos realizando sobre Ecologia e Sustentabilidade.
Nas próximas edições procuraremos mostrar experiências práticas de sustentabilidade que deram certo e se tornaram verdadeiros templos de ensinamentos para uma vida em contato com a Mãe Terra.
Ahooo!
e até a semana que vem...
Acredito que com essa edição n.13 atingimos uma nova fase desse trabalho. Concluímos que a prática da ecologia e da sustentabilidade precisam ser exercitadas diariamente se quisermos realmente reverter o quadro de desgaste e de penúria que a sociedade planetária está vivendo.
As crises economicas, sociais e ambientais se tornam eminentes. E mais urgente se torna a necessidade de tomarmos uma postura diferente nas relações que estabelecemos com o mundo.
Assista aos vídeos das últimas edições da Revista ECOS clikando no link SementesCaboclas (no lado esquerdo), e conheça um pouco mais sobre as pesquisas que estamos realizando sobre Ecologia e Sustentabilidade.
Nas próximas edições procuraremos mostrar experiências práticas de sustentabilidade que deram certo e se tornaram verdadeiros templos de ensinamentos para uma vida em contato com a Mãe Terra.
Ahooo!
e até a semana que vem...
terça-feira, 10 de março de 2009
O Grito de Gaia
Do coração da Terra surge um grito silencioso. Sutil como um assobio. Um canto fino que atinge a todos os corações com uma força impressionante. Este é o grito de Gaya, nossa nave mãe Terra, chamando todos os seres humanos para despertarem sob as sombras da escuridão.
Não mais podemos continuar a ofender e destratar nossa mãe. Não há mais tempo a perder. Vivemos séculos, talvez milênios, descuidados, venerando ao pai, à patria, e a um velho sistema patriarcal. Sistema que se distanciou da harmonia profunda que a mãe natureza sustenta sobre nós, se desvencilhou dos ciclos naturais que devem ser respeitados como a nossa própria vida.
A Amazônia, hoje “pulmão do mundo”, sofre com esse desencontro entre o ‘desenvolvimento’ e a ‘sustentabilidade’. A busca de um equilíbrio tem despertado a atenção de estudiosos e cientístas. Mas, até agora, o que tem sido feito sobre isso?
Por enquanto, não muito. O que vemos é a expansão devastadora de um processo que, há séculos, vem destruindo a Amazônia. A expansão de empresas mineradoras e madeireiras que, ao chegarem em pequenas cidades, aliciam os moradores a mudarem o seu modo de vida e se empregarem na extração dos recursos naturais da floresta com a garantia de um futuro vistoso para si e sua família.
Porém, em poucos anos, esgotada a extração do minério (bauxita), ou da madeira, as empresas vão embora deixando rios poluídos (em geral com mercúrio, que causa doenças graves, como o cancêr por exemplo) florestas devastadas e uma população que perdeu, junto com as riquezas naturais, seu modo de vida tradicional, saudável e sustentável.
Isso está acontecendo, agora, na Amazônia, em lugares importantes como o Rio Tapajós e a cidade de Juruti, na margem do Rio Amazonas, onde a população local tenta resistir (impotentemente) à força das grandes empresas.
Há também muitos casos de barragens que estão sendo construídas por hidroelétricas que alagam grandes áreas da floresta, onde ocasionalmente habitam povos indígenas e populações ribeirinhas, que são obrigados a abandonar suas terras.
Sem ter aonde ir, muitos deles acabam migrando para a zona periférica de grandes cidades, onde não se adaptam perfeitamente (por terem um modo de vida diferente e conhecimentos que não são valorizados nas cidades) e acabam por inflar as regiões suburbanas que não possuem condições higiênicas e sociais para uma vida saudável.
Como se não bastassem esses processos que agora acomentem o Norte (e talvez o restante) do país, os agricultores que não perderam suas terras por enchentes ou desastres poluentes, tem optado por abandonar a agricultura e investir na pecuária como meio mais rentável de vida.
Assim, em regiões não adequadas, como às margens dos rios por exemplo, vemos as florestas nativas sumindo e dando lugar a pastagens. Isso, além de ajudar na extinção de animais originários da floresta, vem ajudando o açoreamento dos rios, que junto com as florestas, são fundamentais na conservação da biodiversidade e da temperatura agradável do nosso planeta.
Me parece que estamos no limiar, extremamente tênue, de uma era da humanidade. Se continuarmos assim, descuidados com relação a harmonia da natureza, em poucos anos mudanças drásticas irão acontecer no planeta e mudarão, definitivamente, a história da humanidade neste pequena planeta Terra.
Precisamos refletir nossas ações, e para além das palavras, transformar nossas atitudes em ações corretas. Precisamos ouvir o silencioso e profundo grito de Gaya. A Terra chama por seus filhos!
sexta-feira, 6 de março de 2009
Mapinguari – O Grito de Gaya!
A Festa Mapinguari (dia 12/03, na Lapa) celebra o lançamento da edição n.13 do Zine ECOS – Ecologia Sustentável.
A lenda do Mapinguari, um ser aterrorizante que vive na selva amazônica devorando os lenhadores que querem pôr a floresta abaixo, incorporada na cidade do Rio de Janeiro, revigora o grito do planeta Terra para a depredação ambiental que estamos causando.
Já estão disponíveis também no link Sementes Caboclas (ao lado) as fotos e filmes das edições n.12 (sobre o FSM 09) e n.11 (sobre a Escola da Mata Atlântica). Em breve, nesta página estará também disponível o texto da edição n.13.
Toda a renda do evento será revertida para a Escola da Mata Atlântica em favor da difusão do conhecimento sobre agricultura ecológica e sustentabilidade.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
FSM 2009
Não se pode dizer exatamente que o Fórum Social Mundial se trata de uma proposta de ecologia e sustentabilidade. O FSM é um encontro (atualmente bi-anual) de ativistas sociais e ambientais que tem como proposta discutir os objetivos presentes na Agenda 21 e sua implementação em contraponto aos desmandos do capital internacional. Os objetivos de uma sociedade justa e de uma economia ecologicamente viável são duas vertentes preponderantes do Fórum.
No entanto, os discursos politizados encontram ecos muito mais na teoria do que na prática. O FSM produz tantos resíduos sólidos quanto qualquer outro evento de grande porte. A juventude revolucionária muitas vezes confunde o espaço do fórum; espaço de realizações, de exposições de idéias, de formação de redes; com uma colônia de férias. Local que se vai para se divertir e paquerar.
Não que a diversão esteja proibida, mas está longe de ser um dos objetivos do fórum.
Dentre todos os grupos atuantes, o espaço da Aldeia da Paz se destaca por sua peculiaridade realista. O uso de banheiros secos, em contraponto aos banheiros químicos dispersos pelos ambientes do fórum, a compostagem de resíduos orgânicos facilitando a reciclagem dos resíduos sólidos (vidro, plástico, etc) já reduzidos e muitas vezes reutilizados, são exemplos verdadeiros de uma revolução socioambiental. Isso sem falar nas meditações coletivas que alimentam a alma antes de cada refeição.
Se, como Gandhi disse: "Devemos ser em nós a mudança que queremos pro mundo." O FSM somente se tornará um encontro real de ativistas quando sua proposta for alterada na essência.
Por enquanto, resta esperar que as sementes plantadas por pessoas do mundo todo no FSM 2009, cresçam e se tornem as imensas florestas do futuro.
Paz e Luz!
No entanto, os discursos politizados encontram ecos muito mais na teoria do que na prática. O FSM produz tantos resíduos sólidos quanto qualquer outro evento de grande porte. A juventude revolucionária muitas vezes confunde o espaço do fórum; espaço de realizações, de exposições de idéias, de formação de redes; com uma colônia de férias. Local que se vai para se divertir e paquerar.
Não que a diversão esteja proibida, mas está longe de ser um dos objetivos do fórum.
Dentre todos os grupos atuantes, o espaço da Aldeia da Paz se destaca por sua peculiaridade realista. O uso de banheiros secos, em contraponto aos banheiros químicos dispersos pelos ambientes do fórum, a compostagem de resíduos orgânicos facilitando a reciclagem dos resíduos sólidos (vidro, plástico, etc) já reduzidos e muitas vezes reutilizados, são exemplos verdadeiros de uma revolução socioambiental. Isso sem falar nas meditações coletivas que alimentam a alma antes de cada refeição.
Se, como Gandhi disse: "Devemos ser em nós a mudança que queremos pro mundo." O FSM somente se tornará um encontro real de ativistas quando sua proposta for alterada na essência.
Por enquanto, resta esperar que as sementes plantadas por pessoas do mundo todo no FSM 2009, cresçam e se tornem as imensas florestas do futuro.
Paz e Luz!
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Canaã e a Escola da Mata Atlântica
“Uma nova raça, que seria a incógnita feliz do amor de todas as outras, que repovoaria o mundo e sobre a qual se fundaria a cidade aberta e universal.”
Canaã, Graça Aranha, 1902
Foi no mês de outubro do ano de 2005, que um grupo de jovens; em sua maioria universitários em fase de conclusão de curso, habitantes da cidade do Rio de Janeiro; em busca de novas perspectivas para a vida e para a humanidade no principiar de um terceiro milênio, partiu em busca de sua terra prometida, numa pequena Aldeia Velha, onde fundaram uma comunidade: Canaã.
Em Canaã conviviam em paz e comunhão todos aqueles jovens da modernidade, primeiros herdeiros da era digital. Provenientes de todas as etnias, judeus, árabes, negros, orientais, indígenas… resultado de um século de democracia racial, e unidos por um ideal comum: a necessidade de transformação da consciência planetária em vista das consequências dos desequilíbrios ecológicos e espirituais causados pela humanidade nos últimos séculos.
O objetivo de Canaã era o de apaziguar todos os conflitos, reconhecendo em todos os seres humanos a possibilidade da comunhão, da irmandade. E viver em comunhão não só entre si, mas com todos os seres e com as lições que se pode tirar dos ensinamentos da Natureza.
Lançada a semente, em poucos meses já se podia ver os frutos e o poder da organização coletiva. Em janeiro de 2006, germinou uma idéia que viria a identificar melhor para a sociedade a idéia que Canaã buscava passar. Foi fundada a Escola da Mata Atlântica (EMA).
Com a consciência de que a educação é importante tanto para a transformação, quanto para a reprodução do sistema social, a EMA tinha por objetivo reconhecer os diversos saberes construídos a partir da relação que o homem do campo mantém com o meio-ambiente, relacionando-os com os saberes tradicionais e conteporâneos que têm se desenvolvido nas universidades. Desta maneira buscava ressaltar as implicâncias ambientais que poderiam ser notadas em cada micro-clima, constituindo uma espécie de saber específico para cada região.
Mesclando conhecimentos agroecológicos de diversas localidades da Mata Atlântica e de fora dela, trazendo ao povo do campo atra- ções culturais, dinâmicas teatrais, palestras, oficinas, etc. A EMA procura trazer a educação para fora da sala de aula, aproximando o educando do objeto de estudo e a vida cotidiana do conhecimento ensinado. E também, de outra forma, consolidando esse processo ao trazer o conhecimento do homem do campo para dentro da sala de aula.
Porém, ao estudar a história do modernismo e da literatura brasileira do início do século XX, descobri que essa história já havia sido contada, em outro tempo, com outras palavras, quando tudo era apenas a origem do que viria a ser depois.
Foi no ano de 1902 que Graça Aranha publicou o romance Canaã, uma pérola quase esquecida do pré-modernismo brasileiro. Apesar de Canaã não ter se tornado um clássico popular, a importância de Graça Aranha para o movimento modernista que viria é inegável. Tanto que ele foi escolhido como patrono da Semana de Arte Moderna de 1922, proferindo o seu discurso de abertura.
Mas o que esta obra clássica, esquecida na literatura brasileira, contribuiu de fato para a cultura nacional?
O romance Canaã marca um nascimento. Um prenúncio do que o pensamento brasileiro consagraria quase três décadas mais tarde. O nascimento do pensar miscigenado brasileiro. Canaã clamava por um Brasil original, que abandonasse suas vãs heranças européias, inúteis a realidade tropical; onde uma nova raça deveria nascer, mistura de todas as outras, da onde floresceria uma nova sociedade tropical, aberta e Universal.
Pouco mais de vinte anos depois, este pensar se consolidou com o Manifesto Pau-Brasil, com o Modernismo, e mais adiante com a Antropofagia e com a república nova de Getúlio Vargas.
Era o início do caminhar brasileiro na busca de si mesmo. Do Brasil da democracia racial, da igualdade de oportunidades, do respeito às etnias. Do Brasil colorido. Do Brasil que buscava uma genuína cultura tropical da floresta, sem perder de vista as escolas de pensamento européias.
Nessa perspectiva que, Oswald de Andrade teoriza, no manifesto Pau-Brasil, sobre uma escola da floresta tropical. E assim, termina ele o trabalho iniciado por Graça Aranha:
“O trabalho da geração futurista foi ciclópico. Acertar o relógio império da literatura nacional. Realizada essa etapa, o problema é outro. Ser regional e puro em sua época.
O contrapeso da originalidade nativa para inutilizar a adesão acadêmica. A reação contra todas as indigestões de sabedoria. O melhor de nossa tradição lírica. O melhor de nossa demonstração moderna.”
(OSWALD DE ANDRADE, Correio da Manhã, março 1924.)
A Escola da Mata Atlântica, e a comunidade Canaã do século XXI, nasceram com a marca da conservação ambiental como forma da juventude de hoje de olhar adiante. Num futuro onde precisaremos nos reeducar enquanto seres humanos, buscando conciliar os avanços da tecnologia e as características renováveis da Natureza. Onde devemos buscar a compreensão entre as diferentes crenças, culturas e etnias, sempre com o objetivo de trazer a paz e uma maior consciência para a vida de todos.
A EMA procura, cada vez mais, inserir os saberes do povo da terra nos catálogos e categorias acadêmicas, para criar um Brasil novo, de braços abertos para o século XXI. Para criar um Brasil bem brasileiro, feito pelas mãos e marcado pelos olhos do povo original destas terras.
Canaã, Graça Aranha, 1902
Foi no mês de outubro do ano de 2005, que um grupo de jovens; em sua maioria universitários em fase de conclusão de curso, habitantes da cidade do Rio de Janeiro; em busca de novas perspectivas para a vida e para a humanidade no principiar de um terceiro milênio, partiu em busca de sua terra prometida, numa pequena Aldeia Velha, onde fundaram uma comunidade: Canaã.
Em Canaã conviviam em paz e comunhão todos aqueles jovens da modernidade, primeiros herdeiros da era digital. Provenientes de todas as etnias, judeus, árabes, negros, orientais, indígenas… resultado de um século de democracia racial, e unidos por um ideal comum: a necessidade de transformação da consciência planetária em vista das consequências dos desequilíbrios ecológicos e espirituais causados pela humanidade nos últimos séculos.
O objetivo de Canaã era o de apaziguar todos os conflitos, reconhecendo em todos os seres humanos a possibilidade da comunhão, da irmandade. E viver em comunhão não só entre si, mas com todos os seres e com as lições que se pode tirar dos ensinamentos da Natureza.
Lançada a semente, em poucos meses já se podia ver os frutos e o poder da organização coletiva. Em janeiro de 2006, germinou uma idéia que viria a identificar melhor para a sociedade a idéia que Canaã buscava passar. Foi fundada a Escola da Mata Atlântica (EMA).
Com a consciência de que a educação é importante tanto para a transformação, quanto para a reprodução do sistema social, a EMA tinha por objetivo reconhecer os diversos saberes construídos a partir da relação que o homem do campo mantém com o meio-ambiente, relacionando-os com os saberes tradicionais e conteporâneos que têm se desenvolvido nas universidades. Desta maneira buscava ressaltar as implicâncias ambientais que poderiam ser notadas em cada micro-clima, constituindo uma espécie de saber específico para cada região.
Mesclando conhecimentos agroecológicos de diversas localidades da Mata Atlântica e de fora dela, trazendo ao povo do campo atra- ções culturais, dinâmicas teatrais, palestras, oficinas, etc. A EMA procura trazer a educação para fora da sala de aula, aproximando o educando do objeto de estudo e a vida cotidiana do conhecimento ensinado. E também, de outra forma, consolidando esse processo ao trazer o conhecimento do homem do campo para dentro da sala de aula.
Porém, ao estudar a história do modernismo e da literatura brasileira do início do século XX, descobri que essa história já havia sido contada, em outro tempo, com outras palavras, quando tudo era apenas a origem do que viria a ser depois.
Foi no ano de 1902 que Graça Aranha publicou o romance Canaã, uma pérola quase esquecida do pré-modernismo brasileiro. Apesar de Canaã não ter se tornado um clássico popular, a importância de Graça Aranha para o movimento modernista que viria é inegável. Tanto que ele foi escolhido como patrono da Semana de Arte Moderna de 1922, proferindo o seu discurso de abertura.
Mas o que esta obra clássica, esquecida na literatura brasileira, contribuiu de fato para a cultura nacional?
O romance Canaã marca um nascimento. Um prenúncio do que o pensamento brasileiro consagraria quase três décadas mais tarde. O nascimento do pensar miscigenado brasileiro. Canaã clamava por um Brasil original, que abandonasse suas vãs heranças européias, inúteis a realidade tropical; onde uma nova raça deveria nascer, mistura de todas as outras, da onde floresceria uma nova sociedade tropical, aberta e Universal.
Pouco mais de vinte anos depois, este pensar se consolidou com o Manifesto Pau-Brasil, com o Modernismo, e mais adiante com a Antropofagia e com a república nova de Getúlio Vargas.
Era o início do caminhar brasileiro na busca de si mesmo. Do Brasil da democracia racial, da igualdade de oportunidades, do respeito às etnias. Do Brasil colorido. Do Brasil que buscava uma genuína cultura tropical da floresta, sem perder de vista as escolas de pensamento européias.
Nessa perspectiva que, Oswald de Andrade teoriza, no manifesto Pau-Brasil, sobre uma escola da floresta tropical. E assim, termina ele o trabalho iniciado por Graça Aranha:
“O trabalho da geração futurista foi ciclópico. Acertar o relógio império da literatura nacional. Realizada essa etapa, o problema é outro. Ser regional e puro em sua época.
O contrapeso da originalidade nativa para inutilizar a adesão acadêmica. A reação contra todas as indigestões de sabedoria. O melhor de nossa tradição lírica. O melhor de nossa demonstração moderna.”
(OSWALD DE ANDRADE, Correio da Manhã, março 1924.)
A Escola da Mata Atlântica, e a comunidade Canaã do século XXI, nasceram com a marca da conservação ambiental como forma da juventude de hoje de olhar adiante. Num futuro onde precisaremos nos reeducar enquanto seres humanos, buscando conciliar os avanços da tecnologia e as características renováveis da Natureza. Onde devemos buscar a compreensão entre as diferentes crenças, culturas e etnias, sempre com o objetivo de trazer a paz e uma maior consciência para a vida de todos.
A EMA procura, cada vez mais, inserir os saberes do povo da terra nos catálogos e categorias acadêmicas, para criar um Brasil novo, de braços abertos para o século XXI. Para criar um Brasil bem brasileiro, feito pelas mãos e marcado pelos olhos do povo original destas terras.
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